quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Religiosidade e o Misticismo da Idade Média - Lições Para os Nossos Dias

Por Solano Portela

A Igreja Medieval em grave necessidade de reforma

Encontramos a Igreja Católica, no ápice da idade média (séculos 13 a 15), com a maioria das práticas litúrgicas, incorporadas do paganismo, já institucionalizadas dentro da estrutura eclesiástica. O cenário está sendo preparado pelo Senhor da História para a Reforma do Século XVI. A religião foi transformada de uma devoção consciente a Deus, baseada no que conhecemos de Deus pelas Escrituras e exercitada pelas diretrizes da sua Palavra; no misticismo subjetivo, baseado em tradições humanas, exercitado em práticas obscuras.

A Igreja, que deveria aproximar as pessoas cada vez mais de Deus e de sua Palavra, na prática afasta os fiéis da religião verdadeira. Os rituais e a liturgia são realizados em uma língua desconhecida (Latim). Os seguidores são sujeitos a uma hierarquia estranha à Bíblia, na qual os administradores maiores se preocupavam mais com o jogo político do que com a situação espiritual dos fiéis. Aqueles que se dedicavam mais ao estudo da palavra, em vez de estarem próximos dos fiéis, conscientes de suas lutas, necessidades e pecados, isolam-se em mosteiros. Novas estruturas monásticas são formadas e multiplicam sua influência. Os poucos escritos refletem um misticismo que enaltece a trindade, mas, ao mesmo tempo, apresentam uma ênfase mística que os distanciam da realidade.

Outras cabeças pensantes da Igreja, em vez de procurar um retorno à teologia das Escrituras, embarcam num intelectualismo que pretende explicar de forma palatável à razão humana os mistérios de Deus – esses também distanciam a Igreja e sua hierarquia de sua missão e daqueles que a seguem em busca espiritual sincera ou por conveniência. Certamente, fica cada vez mais evidente que o caminho da reforma está sendo preparado por Deus. A Igreja está deteriorada em seu íntimo – os problemas aparecem. O remanescente fiel ficará mais evidente e desabrochará no tempo apontado por Deus.

Estudando a situação da igreja nesse período, identificamos três erros dignos de destaque e que servem de alerta para os nossos dias.

1. O perigo do deslumbramento com o mundo – a sede de aceitação e poder

A Sede do poder – A Igreja já vinha sendo caracterizada pela sede do poder e por seu envolvimento com o mundo político. Na era medieval os exemplos de envolvimento intenso com o poder político se multiplicaram.

No ápice do poder da igreja medieval, o papa que deteve maior poder foi Inocêncio III (1198-1216). Ele controlava tanto a Igreja Católica como o Império. Humilhou o rei Felipe Augusto, da França, interditando todo o país, forçando-o a receber de volta sua esposa divorciada, que havia apelado ao Papa. A seguir, humilhou o Rei João, da Inglaterra, numa disputa sobre a indicação do arcebispo de Canterbury. Mais uma vez interditou um país e convidou o rei Felipe, da França, a invadir a Inglaterra se o Rei João se recusasse a aceitar os seus termos. Mais ou menos na mesma época, interferiu na Germânia (Atual Alemanha), definindo a sucessão imperial naquele país, utilizando as tropas francesas como forma de pressão.

Em 1215 Inocêncio III convocou o Quarto Concílio Laterano (não confundir com Luterano), no qual algumas doutrinas estranhas à Palavra de Deus foram formalizadas, como por exemplo: a obrigação de uma confissão auricular anual; a doutrina da transubstanciaçã o (que afirma que o pão e o vinho da comunhão não somente simbolizam, mas milagrosamente se transformam no corpo e no sangue de Cristo); e a terminologia do sacrifício da missa (uma vez que o corpo de cristo era repetidamente quebrado a cada liturgia).

Esse é apenas um exemplo de como a liderança maior da igreja tomou interesse muito mais pelo poder e pelo envolvimento político, do que pela saúde espiritual dos fiéis. Pior ainda, quando esses líderes se voltavam para ações na esfera religiosa, era no sentido de promover a incorporação de práticas estranhas no seio da Igreja – feriam ainda mais a ortodoxia já combalida. A Igreja ia se desenvolvendo com uma língua estranha, distanciada do povo, e com práticas cada vez mais pagãs em sua liturgia.

A lição para nós – Aceitação social e proximidade do poder têm sido constantes inimigos da pureza doutrinária que deve marcar a igreja verdadeira. Esse é uma característica não só da igreja medieval, mas também dos nossos dias. A ânsia por aceitação vem, muitas vezes, às custas de princípios e de nossa identidade. Como cristãos, perdemos com freqüência grandes oportunidades de marcar presença pelo testemunho, como sal da terra (Mt 5.13), mas capitulamos perante as pressões do poder. Muitos dos nossos políticos chamados de "evangélicos" têm tido um comportamento reprovável e posturas éticas que envergonham e trazem condenação até dos descrentes. No meio de um mundo que é maldade, a Palavra de Deus nos aponta à manutenção dos padrões de justiça de Deu: "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem" (Rm 12.21).

Em adição, devemos estar alertas para não trazermos práticas estranhas à Palavra de Deus ao seio de nossa liturgia. Óleos santos, peças de roupa, pentes benzidos, cerimônias diversas (soar de trombetas, pão e água, cultos na montanha) – como se essas coisas tivessem poder espiritual em si, constituem uma violação a uma adoração em espírito e em verdade, como nos comanda a Palavra. Por isso Paulo nos adverte, em 2 Co 11.3: "Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo".

2. O perigo do isolamento

O ápice do Monasticismo – Apesar dos mosteiros e conventos terem surgidos entre o 3o e o 6o século da Era Cristã, foi na idade média que eles atingiram o seu auge, com o desenvolvimento de várias ordens monásticas. A ordem dos Agostinianos foi fundada entre 1233 e 1244. Os Beneditinos, trazendo uma tradição do terceiro século, foram reformados com o trabalho de Bernardo de Clairvaux (1090-1153). Os dominicanos foram formalmente estabelecidos por uma bula papal de 1216 e se organizaram definitivamente em torno de 1221. Os Carmelitas, constituídos de peregrinos à terra santa, se juntaram no monte Carmelo (daí o nome), para viver "a vida do profeta Elias", em torno de 1191. Os Franciscanos se organizaram pelo trabalho de Francisco de Assis, em 1223, desenvolvendo- se em vários ramos independentes, como o dos Capuchinhos. E assim foi, neste período, com várias outras ordens de menor importância. Praticamente a única ordem monástica que não surgiu neste período foi a dos Jesuítas, formada em 1540 – na onda da Contra-Reforma.

Qual o problema com o Monasticismo? Poderíamos dizer que aqueles que eram mais devotos e estudiosos da Palavra, possivelmente desencantados com o estado da Igreja e seu envolvimento com os regentes temporais e com a política, procuraram isolamento. Essa medida, aparentemente correta, fez com que esse tipo de liderança deixasse de interagir com os fiéis. Além de privar os seguidores de um direcionamento maior, o isolamento fez com que perdessem o contato com a realidade e com os problemas do dia-a-dia. A vida vivida no mosteiro não somente era artificial, mas representava um tipo de Cristianismo estranho às Escrituras. Asceticismo – ou seja, a rejeição de tudo que é material, é uma identificação errada do que é o mal verdadeiro (Cl 2.21). O pecado jaz no íntimo das pessoas (Sl 51.5) e não é a intensa meditação ou isolamento que irá purificar o nosso ser. Nem tão pouco será a vida espartana, penitências ou sacrifícios inúteis, os quais podem ter até "aparência de piedade" (2 Tm 3.5), mas não podem expiar o nosso pecado. O lado irônico do isolamento e do Monasticismo é que dando a aparência de uma aproximação de Cristo, contribuiu para o estabelecimento de uma religião humana, de salvação pelas obras, pela privação, pelo sofrimento – uma religião que fechou-se, tornando-se um fim em si mesma.

A Lição para nós – Essa tendência, de isolamento, está sempre presente no campo Cristão. É saudável estarmos sempre juntos, em ambiente de igreja, mas às vezes levamos isso ao extremo. Desaprendemos a nos comunicar com o mundo. Esquecemos nossa missão. Passamos a falar com "jargões evangélicos" – palavras que soam estranhas ou desconhecidas àqueles a quem deveríamos estar comunicando as boas novas da salvação. Nossa preocupação é muito maior com encontros, acampamentos, do que na organização de uma ação eficaz de evangelização. Jesus disse que não pedia ao Pai que fôssemos tirados deste mundo (Jo 17.15). Aqui fomos colocados para interagir saudavelmente com a sociedade, transformando- a, reformando-a, purificando- a, sendo verdadeiramente luz do mundo (Mt 5.14). Aprendamos com essa era obscura da igreja, na qual o isolamento dos que eram mais fiéis terminou por descaracterizar de vez a sua doutrina e mensagem.

3. O perigo dos extremos – Racionalismo vs. Misticismo

Escolasticismo – É na Idade Média, em paralelo ao isolamento do monasticismo, que vários intelectuais, no seio da Igreja, deslancham aquilo que ficou conhecido como escolasticismo. Apesar do termo ser difícil de definir, podemos considerá-lo como uma referência ao período, na idade média, no qual surgiram inúmeros escritos que apelavam consideravelmente para a razão humana, no sentido de estabelecer e provar as bases da religião. Representam uma tentativa de harmonizar filosofia com teologia, procurando demonstrações racionais de verdades teológicas. Nomes como Anselmo (1033-1109) e Abelardo (1079-1142) são considerados como co-fundadores do movimento; Pedro Lombardo (+/- 1164) um representante importante e Tomás de Aquino (1227-1274) o seu expoente máximo – com o seu tratado Summa Theologica. João Duns Scotus (1226-1308) e Guilherme de Ockam (1280-1349), são também escritores importantes desse período.

Contemporâneos de uma igreja cambaleante em sua ortodoxia e prática – deslumbrada pelo poder e pelo mundanismo, os Escolásticos procuravam restaurar o cerne doutrinário da instituição. Erraram em depender ao extremo do racionalismo; em desconhecer a profundidade e gravidade do pecado que afeta a capacidade de raciocinar corretamente sobre as coisas espirituais (Rm 1.22). Na realidade, deixaram de lado o ensinamento bíblico da depravação total das pessoas. Achavam que a fé era racionalmente explicável, esquecendo-se que aprouve a Deus salvar pela "loucura" da pregação. (1 Co 1.21). Apesar dos Escolásticos, às vezes, confrontarem o poder temporal dos Papas, eles serviram também para sistematizar muitas doutrinas Católico Romanas estranhas às Escrituras, como relíquias, culto às imagens, purgatório, o sistema hierárquico e a estrutura sacramental de salvação pelas obras. Inúmeras páginas foram escritas com justificativas racionais para a utilização dessas práticas. Os Reformadores do Século 16 encontraram, em função dos Escolásticos, ampla documentação dos desvios doutrinários que eficazmente combateram.

O Misticismo – Misticismo é um termo meio vago que cobre amplos pontos de vista e abordagens à prática religiosa. Em muitas situações, misticismo não pode ser dissociado com muita clareza da prática correta da religião. Por outro lado, várias manifestações do misticismo são radicais, extremas e bastante distanciadas da ortodoxia verdadeira. Uma definição genérica de misticismo seria: "qualquer postura, coisa ou situação que nos leva ao contato com a realidade existente além dos cinco sentidos". De uma forma ou de outra, o misticismo sempre esteve presente na igreja. Na igreja primitiva, manifestou-se com intensidade nos Montanistas, e nos nossos dias encontra grande expressão em muitas igrejas evangélicas, independentemente das barreiras denominacionais.

Na Idade Média, situado no outro extremo do Escolasticismo, no meio dessa Igreja conturbada, temos o desenvolvimento do misticismo no seio do isolamento monástico. Como se procurassem um afastamento da abordagem racionalista, muitos passaram a escrever obras puramente devocionais. Refletindo um desejo de se elevar acima das agruras deste mundo, almejavam uma aproximação imediata com a pessoa de Deus. Objetivavam atingir a certeza da salvação e chegar à verdade não pela dedução lógica, mas pela experiência. Muitos podem ter sido crentes sinceros, enfatizando o amor e a aproximação com Deus.

Os místicos nunca foram considerados hereges e a igreja medieval, na realidade, os encorajou, como um contra-ponto ao Escolasticismo. Em função do seu caráter subjetivo, o misticismo enfatizou consideravelmente, além de uma postura pessoal de devoção, a questão dos sonhos, visões e outras formas de revelação que seriam utilizadas por Deus em paralelo às Escrituras. Estiveram também presentes, posteriormente, no meio da Reforma, quando Lutero confrontou uma comunidade que ficou conhecida como "Os Profetas de Zwickau" indicando que o Espírito Santo falava pela objetividade das Escrituras.

Tomás à Kempis (1380-1471) – Nascido na Alemanha e criado na Holanda, este místico foi um dos grandes exemplos desse período, lido e prezado tanto por católicos como por protestantes. Tomás ocupou toda a sua vida em três atividades: copiar a Bíblia (lembrem-se que, naquela época, não havia imprensa); meditação devocional; e escrever vários livros. Ficou, entretanto, conhecido por apenas um desses, intitulado "A Imitação de Cristo". Escrito originalmente em Latim, em quatro volumes, foi traduzido depois para várias línguas. Existem mais de 2000 edições conhecidas deste livro que até o teólogo Charles Hodge classificou como "...a pérola do misticismo germânico-holandê s". Um outro teólogo protestante escreveu: "... o que torna este livro aceitável a todos os Cristãos, é a ênfase suprema colocada sobre Cristo e a possibilidade de comunhão imediata com ele e com Deus".

Entretanto, ao lado dos elogios pelo seu caráter devocional e pela exaltação que faz da pessoa de Cristo, é possível perceber que foi escrito por um Católico Romano. No livro encontramos referências à adoração e ao conceito católico romano dos "santos" (por exemplo, no Livro 1, cp. 18, lemos sobre "... os santos que possuíam a luz da perfeição e da religião verdadeira". No cp. 19, lemos que em certas ocasiões "... a intercessão dos santos deve ser ferventemente implorada"). Existe também a aceitação da doutrina do purgatório (por exemplo, no Livro 1, cp. 21, lemos que deveríamos viver uma vida de trabalho e sofrimento "... se considerássemos em nossos corações as dores futuras do inferno ou do purgatório").

Na melhor das hipóteses, o livro é contraditório, como no exemplo a seguir: de um lado indica o mérito das obras (Livro 2, Cp. 12, "... nosso mérito e progresso consistem não nos muitos prazeres, mas no suportar de muitas aflições e sofrimentos" ), enquanto que em outro trecho fala da inutilidade delas (Livro 3, cp. 4, "considere seus pecados com desprazer e tristeza e nunca pense de você mesmo como sendo alguém, por causa de suas boas obras"). Em adição aos aspectos romanos, a ênfase do livro é colocada em uma vida de isolamento como sendo o ideal do cristão, em vez do envolvimento sadio com a criação em uma vida de testemunho e proclamação das verdades divinas.

A lição para nós – A religião verdadeira alimenta o ser humano em sua totalidade. Quando a prática do cristianismo não está corrompida, há satisfação tanto para o corpo como para a alma. A idéia de que existe mérito no sofrimento ou no isolamento, não é Bíblica, mas provém de um conceito de que, de uma forma ou de outra, operamos a nossa própria salvação. O misticismo existe desenfreado em nossos dias e não como uma característica saudável da igreja, mas como um problema em seu seio. De uma certa forma, ele ocorre como uma reação à ortodoxia morta, ou a um intelectualismo estéril, como aconteceu na idade média. Entretanto, no cômputo final, apesar de parecer uma ênfase em ações e posturas piedosas, ou a uma vida de devoção intensa e real, o Misticismo desvia os nossos olhos de Cristo; concentra a atenção nos nossos méritos, nas coisas que fazemos ou que deixamos de fazer; nos objetos aos quais atribuímos valor espiritual; ou nas formas de comunicação com Deus que são estranhas à Palavra e à suficiência das Escrituras.

Conclusão

Podemos aprender muito com a situação da Igreja na Idade média. Ela foi progressivamente se afastando de Cristo, não somente pelo mundanismo crescente e pela incorporação de práticas pagãs; como também por um isolacionismo intenso e igualmente contraditório à sua missão.

Como anda a nossa igreja? Como caminha a nossa religiosidade? Como se encontra a nossa vida devocional? Estamos nos achegando a Deus, em devoção sincera, através de Cristo, pelo poder do Espírito Santo – desejosos de fortalecer o nosso testemunho em um mundo hostil? Ou estamos fabricando um tipo peculiar de religião que atende os nossos anseios místicos, ou a nossa sede intelectual, mas que nos afasta cada vez mais dos caminhos que deveríamos percorrer? Meditemos no que Deus quer de nós,como expressa Mq 6.6-8, verificando que a prática da justiça e o amor à benevolência não são compatíveis com uma vida estéril ou distanciada do mundo em que ele nos colocou.

domingo, 30 de novembro de 2008

Testemunho Antonio Bezerra de Menezes, tataraneto do líder espírita Bezerra de Menezes


O DIA EM QUE CONHECI A VERDADE


Antonio Bezerra de Menezes

Antonio representa a quarta geração do Dr. Bezerra de Menezes, o primeiro presidente da Federação Espírita Brasileira, além de vereador, deputado e prefeito do Rio de Janeiro. Depois de haver alcançado o topo de suas buscas esotéricas, ter tido contato com mortos, ter psicografado, adivinhado, visto e previsto o que era verdade a muitos, caiu em violentos fracassos econômicos e familiares, o que o fez entrar em desespero...

Meu tataravô era uma pessoa muito caridosa e respeitada; costuma dizer que aquele que não ajudasse um enfermo, ainda que pela madrugada, não subisse o morro e fosse socorrê-lo, não era um médico, mas um maldito. Um dos seus princípios básicos era o amor ao próximo. Nasci nesta família - família que seguia o kardecismo; e vivia o evangelho segundo Alan Kardec. Estávamos sempre nos centros espíritas, fazendo trabalhos. Lembro que tinha uma tia na umbanda, e por isso nos envolvíamos algumas vezes com a umbanda, outras com o kardecismo. Fomos nos aprofundando. Na casa dela sempre ocorriam manifestações sobrenaturais, ela recebendo espíritos que nos traziam mensagens de "Deus". Outra tia, após o jantar, tirava a mesa, colocava a toalha branca e iniciava o trabalho de kardecismo, com orações e preces mediúnicas.

Na minha adolescência comecei a ter amizade com rapazes cujos pais eram donos de centros espíritas. E com isso fui seguindo cada vez mais a trajetória de toda a família. Passei a conhecer também outras religiões e outras seitas, pois quem se envolve com o ocultismo não fica restrito a uma única religião. Começa a ocorrer verdadeira saladas de coisas. Fui então para o Budismo e as religiões do Oriente; comecei a praticar Yoga e quatro artes marciais. Passei a me envolver com toda a ideologia da Nova Era; a buscar o poder e as realizações da mente. Andei atrás de coisas sobrenaturais - o poder latente da alma, o entrar em lugares sem ser visto, pensar em pessoas e elas surgirem. E comecei a me sentir cheio de poder...

Jesus sempre foi para mim um grande ser iluminado e um alvo para a minha vida. Imaginava que se continuasse a crescer espiritualmente seria um dia como Jesus, Gandhi, Buda, ou outro ser superior. E minha família continuava a conviver com o espiritismo, trabalhos, seções e operações mediúnicas. Um dia, quando trabalhava na construção de um edifício, dois reverendos vieram falar comigo de Jesus, um Jesus muito diferente daquele que eu conhecia nas reuniões kardecitas. Mas eu confesso que odiava os cristãos! Sempre que os via com a Bíblia na mão, ou debaixo do braço, ficava enraivecido. E quando via Bíblias com zíper, mais enfurecido ainda ficava! O pior é que um dia meu irmão chegou em casa com uma Bíblia daquelas distribuídas nos colégios. Ao vê-lo, fui logo dizendo: "taca fogo nessa Bíblia! Isso aí não é nosso! Nós somos espíritas, temos o evangelho segundo Allan Kardec; esse, sim, é o evangelho que vamos seguir!" Um pormenor interessante é que no evangelho segundo Allan Kardec, bem no começo, existe um texto que diz que no início o evangelho segundo Kardec chamava-se a "Imitação do Evangelho". Então eu pergunto; quando queremos alguma coisa buscamos o original ou a imitação? Comecei a refletir, a ficar meio cismado...

Aqueles homens me diziam: "Bezerra, você está com muitos problemas... Você precisa de Deus em sua vida... Pessoas que não conhecem a Deus têm um único destino: a morte eterna...". Eu então os interrompia, dizendo: "Há! Eu não acredito nisso! Primeiro, não acredito em diabo; segundo, não acredito em inferno. O homem morre, reencarna e tem uma outra vida". Mas eles continuaram: Não. Você conhece apenas uma doutrina religiosa, mas não conhece Deus. E as pessoas que não conhecem a Deus só tem um destino: o inferno! E digo mais: se você tem problemas e não conhece a Deus, se a caso morrer hoje, seu fim será o inferno..." Saí muito abalado daquele encontro. Abalado porque embora acreditasse em outras vidas e na teoria reencarnacionista, me veio uma dúvida: "E se o que eles dizem for verdade?..." Fiquei muito preocupado. Lembro que não gostava da Bíblia, nem a lia nunca. No entanto, li um monte de livros, como o evangelho de Buda e na Rosa Cruz estudei profundas técnicas de estudo da mente. Mas de repente comecei a me interessar pela Bíblia, porque o que ouvira me despertou a curiosidade.

Costumava psicografar, ter revelações e contato com os mortos - assim como minhas tias e outros familiares. Eu era empresário, dono de uma construtora, e minha vida começou a ficar muito ruim, os negócios entrando em crise. Passei a me afundar cada vez mais no espiritismo, e a cair em desespero. O que aconteceu na verdade foi que comecei a seguir a tradição espírita verdadeira. Pesquisando a vida de Allan Kardec, descobri que na França - país onde ele fundou a religião - o espiritismo não subsistiu. Ele se perdeu totalmente, e hoje não tem influência na sociedade. Das ciências ocultas, só a magia negra tem hoje força na França. O próprio Allan Kardec, que em 1824 fundou uma escola idêntica a de seu amigo Pestallozzi, faliu. O Dr. Bezerra de Menezes, que foi prefeito do Rio de Janeiro e pessoa de renome, perdeu tudo o que tinha no final da sua vida. E até os meus avós perderam seus bens, ao se envolverem com o espiritismo. E não foi diferente comigo; minhas finanças começaram a seguir as tradições espíritas verdadeiras...Eu tinha uma empresa, e num determinado momento comecei a sofrer tremendas perdas. Cheguei a perdei quase 1 milhão de dólares em maus negócios!
A situação se tornou tão terrível, que minha vida ficou completamente acabada; virei um derrotado. Comecei a pensar realmente em suicídio; uma voz me sussurava: "Você já era! É hora de tentar o suicídio!" Eu era sócio do melhor clube da cidade: a Sociedade Hípica. Tinha quatro veículos, uma motocicleta, motorista particular, enfim, desfrutava uma vida estável, muito boa.

Aliás, eu anunciava a quantos podia que encontrara o caminho, a paz, a felicidade! Só que eu era espírita e, não satisfeito, incontrolável, fui me envolvendo com ocultismo japonês, Se-cho-noiê, Yoga, artes marciais, Igreja Messiânica, Nova Era, religiões orientais, seitas egípcias, cabala, etc. Então perdi a empresa, os carros e até a minha casa. Cheguei ao fundo do poço. Minha vida ia de mal a pior. Mas aquela conversa com os reverendos não me saia da mente. Lembro que não consegui esquecer algo que me disseram: "Quando você conhecer a verdade, ela vai libertá-lo!".

Começou então uma grande briga no meu interior. Havia duas vozes. Uma dizia que eu devia acabar com a minha vida. Eu era campeão de tiro no exército; era simples. Bastava pegar o revólver e dar um tiro no ouvido. A outra dizia que Deus me queria vivo, e Ele tinha muitos planos para a minha vida. A luta no meu íntimo foi muito intensa. Foram 33 anos de resistência à voz de Deus.

Minha vida financeira estava um verdadeiro desastre; além disso minha mulher vivia no hospital, com o sistema nervoso abalado. E eu andava aborrecido, porque o espiritismo não conseguia resolver meu problema. A opressão dentro de mim aumentava cada vez mais. Até que um dia resolvi me candidatar a vereador de minha cidade. E ao entrar em campanha política procurei a Federação Espírita. Lá, a presidente me disse: "Você é nosso candidato ideal; precisamos de um vereador espírita na Câmara de Vereadores. Vamos apóia-lo". Deu-me então uma lista de todos os centros espíritas da cidade. Havia centro espírita mesa branca kardecismo, umbanda, candomblé. Parti em busca de votos, e para isso me afastei da família durante seis meses. Abandonei minhas filhas e minha mulher. A situação ficou tão terrível que esta, num momento de grande agonia, me disse: "Eu não posso mais viver com você! Pegue as suas malas e vá cuidar da sua vida! Você não quer abandonar a campanha política, e eu preciso de você como chefe de família...Vá embora!".

Com a família destruída, continuei a campanha. Um certo dia, quando cheguei num centro espírita, vi uma médium totalmente incorporada. Ora, eu não acreditava nem em Deus nem no diabo. No entanto a expressão daquela mulher me assustou muito! Ela tinha uma imagem distorcida...Seu rosto tinha uma expressão demoníaca. O susto foi tão grande que sai correndo daquele lugar. Foi terrível! De novo comecei a ouvir voz: "Quando você conhecer a verdade, ela vai liberta-lo!" Eu não gostava de cristão, nem de Bíblia, nem de nada. No entanto, agora começava a temer pelo futuro. Sofria muito; estava muito triste, louco para voltar para minha casa. Um dia um casal de amigos ex-espíritas - eles haviam feito um pacto no Vale do Amanhecer, em Brasília, e eram profundamente envolvidos com o espiritismo - me procuraram e me disseram: "Bezerra, aparece lá em casa; queremos conversar com você". Como precisava de voto, fui até aquela casa pedir apoio para minha campanha política. Mostraria nossos planos para a cidade, as obras que precisava ser feitas e a legislação que necessitava de mudança. Lá pelo meio da conversa os dois me disseram: "Você precisa de Jesus... Você precisa conhecer a Deus!" Ao ouvir isso, caí com a cara no chão! Completamente desacordado. Comecei a lembrar o que Deus fizera em minha vida, sem que nunca me houvesse dado conta.
Uma vez fui assaltado por três homens; eles colocaram o revólver em minha cabeça e na barriga, levaram meu carro, e Deus me livrou. Noutra ocasião sofri um acidente terrível em São Paulo: meu carro pegou fogo e não morri. Também estive 22 dias internado, e 9 dias em coma no hospital, e sobrevivi. Sofri um terrível acidente na Via Dutra, quando um caminhão carregado de areia passou por cima do meu carro, eu e toda família dentro: ninguém morreu...Ali, com o rosto no chão, lembrando tudo aquilo, ouvi a voz de Deus me dizendo: "Você não quer, agora, deixar que eu cuide da sua vida de verdade? Não quer me entregar, agora, o seu coração?" Lembrando tudo, como se estivesse vendo um filme, e chorando por dentro, disse: "Sim, Deus, eu quero entregar a minha vida!" Quando disse isso, ouvi: "Bezerra, eu te recebo..." Ao abrir os olhos, chorando, vi diante de mim aquele casal de amigos.

Eles olharam para mim e disseram: "Bezerra, você quer entregar sua vida a Jesus?" E eu respondi: "Sim, eu quero!" Fiz minha primeira oração e entreguei a minha vida a Deus. Mas eu ainda tinha um problema muito sério; estava separado da minha mulher. Queria voltar para a família. Minha vida tinha sido muito complicada; eu era um péssimo chefe de família. Minha mulher e eu nos agredíamos verbalmente com palavrões, e a separação foi praticamente inevitável. Resolvi então retornar a casa e voltar a viver com ela. Foi terrível! Discutíamos muito. Até que eu desejei, do fundo do meu coração, juntamente com aquele casal, levá-la à Igreja. No dia marcado para isso, cheguei a minha casa e fui direto para o banheiro. Trancado, e chorando, fiz esta oração: "Senhor Jesus, salva a minha casa. Muda a minha vida! Transforma a minha família".

No carro, durante o percurso, minha mulher foi o tempo todo discutindo comigo. Ela queria que eu reagisse; que brigasse com ela, e acabasse voltando do meio no caminho. No entanto, dentro de mim eu repreendia o mal e clamava pela ajuda de Deus. Quando chegamos à porta daquela Igreja, algo maravilhoso aconteceu. Deus encheu o meu coração e a minha alma transbordou de alegria.

A reunião foi maravilhosa. No final, o reverendo disse a ela: "Deus deseja que você e seu marido voltem a se amar". Mas ela não aceitou. Contudo o reverendo tinha tanta convicção do que estava dizendo que respondeu: "Posso ir à sua casa e orar por sua família?" Ela respondeu: Pode, às 18 h". (Respondeu afirmativamente porque sabia que na sexta-feira, às 14 h, assinaríamos a separação.)

Desesperado, e ao mesmo tempo confiante no que Deus poderia fazer na minha vida, liguei para o advogado e disse: "Olha, eu não quero mais assinar a separação"; "Mas é impossível! Está tudo preparado!"; "Por favor, não apareça aqui amanhã! Por favor não venha..."

E ele não foi. Na sexta-feira, desesperada, ela ligou muitas vezes para o advogado, mas inutilmente. Até que às 18 h chegou o reverendo. Confiante, ele pediu licença para orar. Enquanto clamava a Deus por nossa vida, disse que havia em nosso quarto um altar espírita de adoração. E descreveu-o com tanta precisão que minha mulher e eu ficamos muito impressionados. Chocado com aquilo, confirmei ser verdade. Então perguntei-lhe: "Que devo fazer?" "Amigo, quebre tudo!" - respondeu incisivo.

E o mais impressionante: enquanto eu quebrava o altar, minha filha de apenas dois anos de idade pegou uma Bíblia que eu tinha em casa - uma Bíblia histórica Barsa -, levou-a até minha mulher, abriu-a, apontou com o dedinho, e disse: "mamãe, lê aqui". Minha mulher, sem entender nada, olhou e leu sobre o divórcio. Minha esposa começou a chorar... No dia seguinte, enquanto fazia compras, em profunda depressão ela pensou em várias maneiras de suicídio: atirar-se debaixo de um carro, jogar-se da janela do apartamento, tomar veneno, cortar o pulso etc. Mas não conseguiu. Deus estava operando na sua e na nossa vida.

Quando no dia seguinte voltamos à igreja, o reverendo perguntou do lugar onde estava ministrando: "Existe alguém neste lugar que já tentou tirar a sua própria vida muitas vezes, e ontem mesmo tentou o suicídio mais uma vez?" Naquele momento, totalmente contrita e desesperada, minha mulher levantou-se e entregou sua vida a Jesus. Nós nos reconciliamos, e nosso casamento foi completamente restaurado.

A saúde de minha esposa também foi restaurada! Hoje, graças a Deus, somos muito felizes e temos três filhas lindas. Tudo mudou. Eu sou um homem livre!

Antonio Roosevelt Bezerra de Menezes Filho

Transcrito da Revista A Voz - ADHONEP

via Jornal O Independente - http://independente-cg.zip.net/


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sábado, 25 de outubro de 2008

A IGREJA EVANGÉLICA HOJE - Russel Shedd

*
Por que ser membro dela?


Russel Shedd

É maravilhoso ser membro da Igreja de Jesus Cristo! Ele prometeu, durante seu ministério na terra, que edificaria sua Igreja. A Igreja teve seu início miraculoso com a descida poderosa do Espírito Santo e continua crescendo com sua atuação regeneradora. Ninguém faz parte da Igreja de Jesus Cristo sem nascer do Espírito. Ela é um povo exclusivo de Deus, foi escolhida livremente pela sua graça antes da fundação do mundo e existe inteiramente para sua glória e prazer.

A palavra “invisível” descreve a Igreja universal. Parece infeliz porque sugere uma idéia platônica, isto é, que a Igreja pode existir sem uma expressão visível. Os Reformadores desenvolveram esta descrição para manter o princípio, contra Roma, de que a Igreja está fundamentada na graça livre de Deus. Foi assim que os apóstolos enxergaram o povo redimido – do império das trevas – e transportado para o Reino do seu Filho amado. Somente Deus sabe quem realmente lhe pertence; portanto, invisível para nós.

Para se tornar parte da Igreja, a Bíblia exige confissão pública, normalmente no batismo, e uma fé genuína na ressurreição histórica de Jesus dentre os mortos. Não há garantia de que os que confessaram o nome do Senhor e “creram nEle” foram realmente regenerados. A confirmação da fé salvadora de um membro da Igreja de Jesus Cristo vem através do amor de Deus derramado nos corações dos salvos e a perseverança no caminho. Declara o autor de Hebreus: “Pois passamos a ser participantes de Cristo, desde que, de fato, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no princípio” (3.14 – NVI).

A Igreja é um templo, disse Paulo, querendo dizer com isso que Deus habita no meio de sua família na terra, tal como habitava no Santo dos Santos no templo de Salomão. Para Pedro, a Igreja é representada por uma casa espiritual edificada com pedras vivas porque chegaram à Pedra Viva (Jesus). A Igreja é um campo com plantas (pessoas) que têm qualidades que o Espírito desenvolve para demonstrar seu amor: “alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gl 5.22,23).

A Igreja ganhou o título de família de Deus pelo fato de que Ele adotou os membros como filhos. A fraternidade dos “irmãos” da Igreja deve ser uma expressão do relacionamento familiar que une os que gozam do direito de fazer parte dessa nova “raça eleita”. Ela também é um “novo homem” com ambições distintas dos homens da raça de Adão e Eva.

Tristemente, não podemos concordar com todas as posturas de todos os líderes humanos que pastoreiam mais de um milhão e meio de igrejas locais no mundo inteiro. Alguns deles ensinam doutrinas antibíblicas e promovem práticas opostas às que Deus propõe para sua Igreja. A infidelidade dos membros não nega a finalidade de Deus em resgatar pecadores das garras satânicas, dando-lhes vida pela graça recebida por fé. Deus “nos escolheu nele antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença” (Ef 1.4).

Ortodoxia doutrinária que produz igrejas que apresentam a imagem de Cristo não pode ser definida com absoluta precisão. No entanto, o alvo que Paulo declarou para os colossenses deve ser a ambição principal de todos os que amam ao Senhor Jesus de verdade. “Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo” (1.28). Foi o mesmo interesse que Jesus teve logo antes de sua ascensão: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo que eu lhes ordenei” (Mt 28.19,20).

CONCLUSÃO

As aberrações doutrinárias e desvios nas práticas comprovam a vulnerabilidade da igreja no mundo pós-moderno. Jesus estava consciente do perigo que a igreja correria quando levantou a questão da fé existir ou não na terra quando Ele voltar. Como a igreja de Laodicéia, que não reconhecia sua condição miserável, digna de compaixão, pobre, cega e nua, as igrejas contemporâneas são suscetíveis às tentações mundanas e a viverem longe dos alvos do seu Senhor. Que Deus graciosamente mostre misericórdia para com sua Igreja, enviando líderes e membros comprometidos com as ordens que Ele passou para ela através de seus apóstolos e profetas há dois mil anos.

Fonte: Revista Enfoque - Edição 65 - DEZ / 2006
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sábado, 4 de outubro de 2008

DEFICIENTES FÍSICOS

Abrindo a porta

TEARFUND - www.tilz.tearfund.org

1. Problemas e preconceitos

As pessoas com deficiências são, muitas vezes, levadas a sentirem-se excluídas da sociedade. Usamos a imagem de uma porta fechada, para mostrar que as atitudes negativas em relação a estas pessoas fazem com que elas não sejam ensinadas as habilidades ou recebam as oportunidades que podem melhorar a sua qualidade de vida. Às vezes, as crianças são escondidas atrás de portas fechadas.

Atitudes fatalistas

“Muitas das crianças são abandonadas. As pessoas acreditam em “carma” e têm um ponto de vista fatalista. Elas acham que as crianças com deficiências deveriam ser deixadas para morrer, para que possam voltar como pessoas melhores. Elas não entendem que estas crianças podem ser estimuladas para alcançar o seu potencial completo.”

(Christian Care Foundation, Tailândia)

Falta de apoio

“As pessoas com deficiências são toleradas pelas suas famílias e pelos seus vizinhos, mas são vistas como tendo pouco valor e pouco para contribuir na família ou na comunidade.”

(World Concern, RDP do Laos)

Vergonha

O preconceito social faz com que as pessoas com deficiências se sintam deixadas de fora. Elas geralmente não têm oportunidades para participar da comunidade.

“Os familiares sentem-se abandonados. Eles isolam a criança, até mesmo trancando-a, quando há visitas em casa.”

(Hezron Sande Likunda, Quênia – leitor da Passo a Passo)

Discriminação

São oferecidas poucas oportunidades para integrar as pessoas com deficiências à comunidade. Um exemplo é a discriminação na seleção de empregados.

A Christian Care Foundation na Tailândia ensinou um homem com pólio a usar computadores. “Ele poderia viver independentemente na comunidade, mas não há oportunidades para que ele o faça.”


2. Soluções

Entretanto, à medida que estas atitudes negativas começam a mudar, a porta começa a abrir-se. Todos nós podemos ajudar a tornar as atitudes em relação à deficiência mais positivas.

Desenvolvimento físico e mental

A Mediahouse, no Egito, criou um vídeo chamado Ten Small Steps (Dez Pequenos Passos), que oferece conselhos práticos aos pais sobre como estimular o desenvolvimento dos seus filhos com deficiências.

Desenvolvimento de habilidades

No Camboja, os “Servos dos Pobres Urbanos da Ásia” faz lobby para fazer com que as crianças com deficiências entrem para escolas normais. Na Malásia, a Malasyan CARE organiza um centro de treinamento para ajudar jovens com deficiências a desenvolver as suas habilidades sociais.

Superar o preconceito social

O Serviço de Reabilitação com Base na Comunidade do Nepal iniciou um programa de conscientização nas escolas usando a dramatização e a discussão.

Criar oportunidades

O Serviço de Reabilitação com Base na Comunidade do Nepal sempre emprega alguns funcionários com deficiências.

A Craft Aid de Maurício emprega 120 pessoas, das quais um terço têm deficiências. Elas produzem móveis, artesanato, jóias, marcadores de livros, presentes, açúcar, flores e mel.

3. O ponto de vista de Deus

A nossa meta deveria ser porta aberta. Uma porta aberta permite que as pessoas com deficiências vivam como Deus quer que vivam: sem preconceitos e com oportunidades para desempenhar um papel na comunidade que use o seu potencial completo.

Aceito

Criado à imagem de Deus

Amado incondicionalmente

Parte da comunidade

Valorizado

Questões para discussão

1 Que tipos de preconceito contra as pessoas com deficiências existem na sua comunidade ou no seu país?

2 Qual deveria ser a atitude cristã em relação às pessoas com deficiências?

3 A primeira porta mostra alguns dos problemas enfrentados. A segunda porta oferece algumas soluções para estes problemas. Você consegue pensar numa outra solução? Você consegue pensar em alguma solução possível para os preconceitos sobre os quais você discutiu na Questão 1?

4 O que você pode fazer para desafiar o preconceito contra a deficiência na sociedade em que vive: pessoalmente, como igreja, como organização?

5 O que você pode fazer para ajudar a incluir as pessoas com deficiências na sua comunidade: pessoalmente, como igreja ou como organização?

sábado, 27 de setembro de 2008

Cosmovisão - como está a sua?

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Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder. 11 Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do Diabo, 12 pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. 13 Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e permanecer inabaláveis, depois de terem feito tudo.” Efésios 6:10-13.

Cosmovisão é a maneira como vemos o mundo. Na luta, a principal estratégia é sempre iludir o inimigo, de modo que ele não perceba os sinais de um ataque e assim possa se preparar. O Diabo luta deste modo, com ciladas, ele se beneficia quando não enxergamos a realidade, mas deixamos nos enganar pelas camuflagens que ele utiliza. No texto acima, Paulo procura fornecer elementos para nossa fé, de modo que, crendo perfeitamente, possamos evitar as ilusões que impedem nosso triunfo espiritual. Vejamos que elementos são esses:

Ter - Eu tenho uma luta

…para poderem ficar firmes contra as ciladas do Diabo” Efésios 10:11

Ter coisas pode ser uma grande ilusão. A Bíblia fala disso, e até o mundo sabe. Você encontrará muitos textos afirmando, por exemplo, que ser é mais importante que ter. Mesmo assim, as pessoas continuam pensando que se tivessem um carro, uma casa, um milhão de euros… a vida seria melhor. Certamente as pessoas que pensam assim terão muita dificuldade em crer que o melhor que elas têm é uma luta contra o Diabo.

Obviamente, em nossos dias, não pensamos mais como os soldados na época de Paulo. Para nós, uma luta é algo perigoso e indesejável, para eles era como um esporte radical, a chance de “crescer na vida”. Os vencedores tomavam as riquezas dos vencidos e se tornavam ricos e influentes. Certamente a luta era uma oportunidade para eles, e é uma oportunidade para nós. Ao enfrentar o Diabo, temos a chance de saquear o inferno e tirar de lá os bens mais preciosos que são as vidas de homens e mulheres, crianças e jovens, prisioneiros do pecado. Esta sim é uma riqueza eterna!

Precisamos abrir os olhos e perceber a grande oportunidade que temos nas mãos: de lutar contra o Diabo e tomarmos dele uma riqueza eterna, que a ferrugem e a traça não destroem e o ladrão não pode roubar. Infelizmente, muitos crentes fogem dessa luta, se esquecem dela e vivem como se estivessem em um parque de diversões – com isso, o inimigo os ataca e vence facilmente. Para nos santificarmose viver em disciplina espiritual precisamos ver que estamos em um campo de batalha, 24 horas por dia, 7 dias por semana, cada ano de nossas vidas, até sermos chamados para o descanso.

Ser – Eu sou um soldado

Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder” Efésios 10:10

Muitos crentes têm uma visão pobre de si mesmos, eles acham que são vítimas, acham que são muito novos e inexperientes, acham que o inimigo será bondoso com eles e não os atacará com tanta severidade. Esses crentes não conhecem o Senhor que os alistou, não conhecem o inimigo que os ataca e não conhecem a si mesmos. Nós somos soldados – o Senhor não nos alistou para sermos reféns, nem vítimas, nem peso morto para os outros soldados!

Quando nos vemos como soldados, procuramos nos fortalecer, e o Senhor é uma fonte inesgotável de poder para nós. O Espírito Santo está disponível para nos encher de poder do alto, de modo que não andemos no campo de batalha desta vida como crianças indefesas, mas como soldados temíveis do Senhor, aterrorizando as forças do inimigo e marchando resolutos na vitória garantida em Cristo.

É assim que devemos ver a nós mesmos: como soldados. Se mantivermos esta visão de nosso ser, se nos percebermos como soldados, nossas atitudes serão coerentes com a realidade que nos cerca. Mas se perdermos esta visão, não nos prepararemos, não estaremos prontos e seremos vencidos ao menor ataque.

Fazer – Eu posso vencer

…para que possam resistir no dia mau e permanecer inabaláveis” Efésios 10:13

Os dias em que vivemos enchem nossa agenda de coisas para fazer. Esperamos obter solução para tudo trabalhando mais, pedindo um empréstimo, saindo de férias, consultando um médico ou fazendo mais um curso. Em que lugar de nossa agenda está o enfrentar e vencer o Diabo?

Uma agenda cheia de coisas para fazer é mais uma ilusão do inimigo para que nós não o ataquemos, não o enfrentemos. Fazendo tantas coisas nos tornamos desapercebidos, tão ocupados que nem percebemos as enormes oportunidades que temos de verdadeiramente vencer. Por outro lado, o inimigo procura nos enganar, fazendo-nos pensar que não pode ser vencido e nos desestimulando a tentar. Somente quando passamos a ver que temos condições de enfrentar o Diabo e colocá-lo em fuga, ficando firmes, é que nos dedicamos a fazer as coisas que realmente importam.

Nosso inimigo fará tudo para que não tenhamos a visão correta do que devemos fazer. Enquanto ficarmos confusos, sem um objetivo definido, fazendo coisas que não podem nos dar a vitória, ele continuará nos atacando e atacando as pessoas à nossa volta. Precisamos abrir os olhos para enxergar que vencer a luta espiritual é o melhor que podemos fazer com nossas forças, nosso tempo e nossos recursos.

Estar – Eu estou no exército

…pois a nossa luta não é contra seres humanos” Efésios 6:12

Dividir para vencer. Este era um princípio político e militar muito comum no pensamento do exército romano. O Diabo evita se dividir, mas sabe usar esse princípio contra nós. Quando o crente se sente sozinho, quando começa a pensar nos irmãos como pessoas distantes ou até como inimigos, o Diabo pode vencê-lo facilmente.

Tudo sobre as vitórias do exército romano estava ligado ao modo muito unido e coerente como seus soldados lutavam. Mas os midianitas, quando ouviram o som das trombetas de Gideão, atacaram uns aos outros. Assim há muitos crentes, eles estão atacando seus companheiros ou atacando as pessoas a quem o Diabo escravizou, e a quem deveriam libertar. E o Diabo, à margem dessa confusão, se ri da cegueira desses soldados e os vence facilmente. Aqueles midianitas acordaram no meio da escuridão sem saber onde estavam, qual era a situação ao seu redor e, por isso, agiram de maneira errada e foram vencidos.

Para vencer a nossa luta, precisamos enxergar além da escuridão desse mundo, perceber corretamente o ambiente e ver quem é nosso verdadeiro inimigo, mas principalmente ver que estamos no exército de Cristo, e os outros soldados que o Senhor colocou ao nosso lado fazem parte da nossa estratégia vitoriosa.

Crer corretamente acerca dessas coisas faz toda a diferença. Estes quatro elementos fundamentais estão no texto antes das armas, porque só nos armamos adequadamente no Espírito quando sabemos verdadeiramente o que temos, quem somos, o que fazemos e onde estamos. Só assim poderemos vencer esta luta e saquear o inferno tirando de lá as vidas preciosas que estão sob domínio do inimigo.

Estamos juntos nessa luta!!

1 Remanescente

Os “quatro elementos” fazem parte do Módulo das Escolas: Avançada de evangelização e Superior de Missões da AMME Evangelizar.
Conheça essas Escolas da AMME:

Avançada de Evangelização: http://www.evangelizabrasil.com/como-trabalhamos/oficinas-da-evangelizacao

Superior de missões:

http://www.evangelizabrasil.com/como-trabalhamos/escola-superior-de-missoes

domingo, 21 de setembro de 2008

Novo blog: CIDADANIA EVANGÉLICA

Caros amigos e leitores, venho apresentar-lhes um novo blog que iniciei, o Cidadania Evangélica (http://cidadaniaevangelica.blogspot.com/). A temática? Tudo que envolva e relacione o Evangelho e os evangélicos às causas sociais, passando pelo conceito de Missão Integral (que tem em Ariovaldo Ramos um de seus defensores), oferecendo também dicas de cidadania, direitos e deveres, saúde, ampla rede de links de instituições de ação social (evangélicas ou seculares), serviços e utilidades para o cidadão, e artigos e endereços sobre a questão do tratamento de dependentes químicos. Além disso, o blog será também local para a exposição e discussão dos grandes temas sociais do Brasil e do mundo, como por exemplo, a lei da homofobia (sempre no objetivo de informar/despertar/convidar a Igreja a tomar partido ativo em tais questões). Iremos também até coisas mais amenas como exposição de técnicas de como criar uma horta caseira, dicas de reciclagem e etc. Enfim, pretende-se criar aqui um ‘clipping’ ou colagem de artigos relevantes, oriundos de quaisquer fontes, quer seculares ou evangélicas. Pois tenho visto que é necessário despertar aquela grande parcela da igreja que ainda dorme ou engatinha em tais questões.

Amados, o interessante é que este é um blog aberto para colaboradores, um blog coletivo. Caso você seja cristão evangélico e participe ou sinta interesse em obras sociais, e creia que pode contribuir com este projeto, desde já lhe convido para ser colaborador ativo deste blog, com direito a efetuar postagens. Visite o blog, e caso sinta afinidade com este pequeno projeto, entre em contato.
E mesmo que você não queira ser colaborador direto do blog, lhe convido a colaborar enviando textos (seus ou de terceiros), dicas de links e sugestões. E também lhe convido a trocarmos links.

Irmãos, colaboradores são sumamente necessários. Meu tempo é escasso, pois mantenho ou colaboro num bom número de blogs. Mas não crio um blog por ‘capricho’. Como já expus em nossos debates da UBE, tento manter uma visão estratégica da blogosfera, que é a de fechar lacunas e ocupar espaços. ‘O que está faltando?’, é a pergunta que faço a mim mesmo e a Deus. Tem sido assim com os outros blogs que mantenho. Enriquecer a blogosfera evangélica, agregar valor informativo e expandir nossos horizontes. Com muita humildade, como o trabalho das formiguinhas. Para glorificar ao Senhor!

Visite, colabore, divulgue!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

INTEGRIDADE PASTORAL


Por: Pr. Nelson Bomilcar

Pastorearei o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho” (1 Pedro 5.2)

10 “O ladrão vem somente para roubar; matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. 11 Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas 12 O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa. 13 O mercenário foge , porque é mercenário e não tem cuidado das ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, 15 assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.”

1. Introdução

Com temor e tremor, compartilho sobre integridade pastoral. Tema difícil para qualquer pregador ou pastor, pois é necessário um auto-exame para ver onde de fato estamos nesta caminhada e busca de integridade em nossa vocação pastoral. Sei quem sou, de onde vim, conheço meus pecados e quanto necessito da graça do Senhor para continuar no pastorado.

Penso até que tantos pastores, já de cabelos brancos e em final de caminhada e ministério, que foram e são mentores e referencias para mim hoje de integridade pastoral, poderiam falar com mais propriedade. Muitos deles, heróis anônimos que com fidelidade e perseverança cuidaram do rebanho do Senhor em circunstância adversas, em meio à contínuas provas e desertos, longe dos holofotes e palcos, de maneira humilde e despretensiosa. Até porque integridade não é uma qualidade que nasce intrínsicamente conosco. Antes, é um movimento e construção em nossa personalidade e caráter de fora para dentro; é um valor ou virtude que vai sendo desenvolvida em nós pacientemente por Deus nosso Pai, através da ação contínua de Seu Espírito, à medida que aprofundamos nosso relacionamento com Ele.

Temos que reconhecer que muitas mudanças ocorreram quanto ao entendimento da vocação e trabalho pastoral. Uma nova cultura da vocação e atuação pastoral ganha terreno na igreja em nosso século; muitos estão confusos quanto ao papel do pastor na vida da igreja. As instituições de ensino teológico, principalmente na América, desde o século passado, tem abraçado, modelos secularizados de gestão e se tornaram reducionistas quanto à atuação pastoral. O cerne e foco essencial está no Fazer do pastorado e não no Ser.

Como nos chama a atenção do Pr. Ricardo Barbosa, “estas mudanças são de natureza semântica e que trouxeram desdobramentos na atuação pastoral e na vida da igreja”. Líder e terapeuta, palavras incorporadas na descrição da vocação pastoral nos dias de hoje, não aparecem durante 20 séculos de vocação e modelo pastoral. Palavras estas que não são necessariamente incorretas, mas que trazem uma nova compreensão e descrição do trabalho pastoral, modelada em imagens do executivo ou administrador, isto é, de um profissional dentro de estruturas eclesiásticas.

O Dr. J. Packer, escritor e teólogo renomado, em uma de suas palestras/aula no Regent College onde estudei, disse que esta nova imagem de liderança, vem ao longo dos anos, corrompendo a vocação genuína do pastor e também a imagem correta do Deus Pastor, tão bem descrito no Salmo 23.

Precisamos recuperar a visão correta da vocação pastoral e de próprio Deus a quem servimos, pois Ele nos vocaciona, capacita e envia como referências, como guias espirituais para um rebanho sedento de pastores-pastores, que, com amor e compaixão, consagram seu tempo em ouvir o clamor de almas cansadas, aflitas, ovelhas que estão em busca de orientação espiritual e transformação, pessoas a quem Jesus se entregou e deu sua vida.

É oportuno refletirmos um pouco sobre a integridade do ministério pastoral, para instrução, para ensino, para termos referênciais corretas e expectativas maduras sobre o pastorado, já que distorcemos ou temos perdido através dos anos em nossa cultura, a natureza desta vocação e ministério.

2. Desenvolvimento

O que temos que buscar ou fazer para sermos íntegros e vivermos na integridade de nossa vocação?

1. A integridade de nosso amor a Deus!

Nosso relacionamento pessoal com Deus e na vivência da vocação pastoral é fundamentada em um COMPROMISSO DE AMOR. Dt. 6:5 “Amarás o Senhor teu Deus de todo o seu coração, de toda a tua alma e de toda sua força”. No contexto de Deuteronômio, para amar a Deus e cultivar este amor é necessário um abandono de falsos deuses em nossas vidas. Nossa família, nossa formação e conhecimento, nossa denominação, nossa igreja local, nosso ministério, tornam-se objeto de culto muitas vezes.

Nosso amor a Deus é o combustível para honrarmos seu chamado e sermos íntegros no exercício de nossa vocação. Tomar cuidado para não transformarmos nossa vocação em carreira profissional é prudente e sábio. Cumprimos nossa vocação movidos pelo amor a Deus é essencial.

Só assim a oração, a meditação na Palavra e a prática da direção espiritual não se tornam funcionais, apenas tarefas. Amor a Deus é demonstrado numa vida de obediência aos seus mandamentos. “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama”. A pergunta do Senhor a cada um de nós continua? Pedro, tu me amas? Nelson, tu me amas? Fabrício, tu me amas? Deus ainda nos convida a sermos pastores, mesmo com a imperfeição do nosso amor! “Vá e apascente minhas ovelhas”.

2. Integridade com a natureza e conteúdo de nossa vocação

Temos que nos balizar no que a revelação bíblica fala sobre o pastorado.

Primeiramente vemos que os apóstolos mostraram e ensinaram que todos os cristão deveriam cuidar uns dos outros com amor disposição e em constante oração (Gl 6.1-2; Hb 12.15-16; 1Jo 3.16-18; 5.16). Apesar desta instrução, designaram também para cada congregação guias espirituais, supervisores chamados de “presbíteros” ou “anciãos” (At 14.23; Tt 1.5), que deveriam cuidar do povo de Deus como os pastores cuidam das ovelhas (At 20.28-31; 1Pe 5.1-4), conduzindo-os mediante seu exemplo.

Em virtude de seu papel no Corpo de Cristo, os presbíteros são também chamados “pastores” (Ef 4.11) e “bispos” (supervisores) (At 20.28; cf. 17; Tt 1.7; cf v.5; 1 Pe 5.1-2) e são chamados por outros termos que expressam liderança, apesar de não encontrarmos a palavra líder no Novo Testamento (1 Ts 5.12; Hb 13.7, 17, 24).

As ovelhas da congregação, por seu lado, devem então reconhecer a autoridade dada por Deus a seus guias (referênciais) espirituais e seguir a orientação deles (Hb 13.17). Quem não reconhece a autoridade neles, esta recusando a autoridade de Cristo em suas vidas. A congregação deve também sustentar em oração (1 Tm 2.1-3) e também materialmente, pois “devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Tm 5.18)

O modelo do pastorado aparece no Antigo Testamento, onde Deus é o Pastor de Israel (Sl 80.1). Vemos reis, sacerdotes, profetas e anciões chamados a agir como ministros de Deus, no papel de pastores subordinados (Nm 11.24-30). No Novo Testamento, Jesus é conhecido como o Bom Pastor (Jô 10.11-30) e Supremo Pastor (1 Pe 5.4), e os pastores são seus subordinados.

O modelo de Jesus é conhecido como o Bom Pastor, é aquele que orienta, que serve com amor, compaixão e constância, que cuida, alimenta, protege, cura, discípula, treina, disciplina, caminha junto e não à distância; relaciona-se com seus discípulos e ovelhas, fazendo deles, não só servos, mas amigos de Deus (Jô 15.15).

3. Integridade em nossa atuação pastoral

O pastor Eugene Peterson, escritor e professor de teologia espiritual e pastoral, ensina que “os pastores são chamados prioritariamente para cuidar de almas, de pessoas; são chamados para levar pessoas à presença de Deus, a comungarem com Deus. Devem ser homens de oração e da Palavra”, isto é, que buscam diligentemente desenvolver estas disciplinas espirituais.

O trabalho de orientação espiritual é fundamental, precisa ser resgatado na compreensão da igreja quanto ao pastorado e não ser desprezado por aqueles que tem a vocação pastoral. Junto com a oração e meditação na Palavra, é um aspecto relevante, mas desprezado em nossa cultura.

O orientador espiritual não perde o foco e dá atenção aos detalhes específicos dos incidentes diários e às ocorrências cotidianas da vida contemporânea. O orientador espiritual resiste à pressão de moldar seu trabalho pastoral pelos padrões empresariais. A orientação espiritual é a tarefa de ajudar uma pessoa ou ovelha a levar a sério o que é deixado de lado pela mente no dia a dia, tomada por outros atrativos e pela constante presença de crises. É levar a sério com atenção e imaginação disciplinadas, o que os outros vêem casualmente ou sem nenhuma importância. “Ore por mim”, um pedido simples e aparentemente despretensioso que acontece no cotidiano, recebe a máxima atenção do orientador espiritual e é priorizado.

O pastor leva a sério os momentos em que os sinais de transcendência e atuação de Deus se manifestam no meio de nossas rotinas de explosão do louvor, da angústia de culpa, dos ataques de dúvidas semanais, do tédio em orar, meditar e adorar. Não desvia a sua atenção para os clamores da cultura de realizar grandes feitos ou programas mobilizadores, que perdeu a noção do que é realmente importante e fundamental e que não se submete às nossas urgências e pressa.

Manifestações de Deus no dia a dia, no comum da vida, são sinais centrais e não periféricos na atividade pastoral e temos que encarar estes atos como eternos e não efêmeros, essênciais e não acidentais.

Orientar espiritualmente é ajudar as pessoas a buscarem a santidade pessoal a pensarem em Deus, nos seus valores, e moldar o coração e à vida na obediência de Sua Palavra.

George Foster e Dr. Billy Graham concordaram que a administração e gestão de estruturas inicialmente criadas para ajudar a vida na igreja, é uma conseqüência da atividade pastoral, enriquecida e exercida por outros membros da igreja capacitados nesta área. Afinal, a igreja é, na linguagem do apóstolo Pedro, uma comunidade de pedras que vivem, de pessoas únicas amadas por Deus, com histórias únicas e não de peças descartáveis de uma máquina.

Pastores como Jesus devem conduzir o rebanho de Deus com uma espiritualidade simples e profunda, construída na oração, meditação e estudo da Palavra. Pastores como Jesus buscam intimidade com o Pai, sendo exemplo em seu estilo de vida bem ordenado e caráter maduro (1Tm 3.1-7) e em relacionamentos sinceros e saudáveis.

Esta essência no trabalho pastoral é na maioria das vezes, uma atividade silenciosa, longe dos holofotes, sem muito brilho, sem muito reconhecimento, que não atende o clamor do povo das grandes atividades mobilizadoras e realizadoras, mas é o coração do ministério pastoral. Não existe quase nenhum reconhecimento das ovelhas por isso, mas total reconhecimento de Deus e justa recompensa no futuro.

Pastores como Jesus procuram ouvir e conhecer a Deus, e estão diligentemente chamando a atenção das ovelhas para ouvirem, discernirem e obedecerem à voz do Senhor em Sua Palavra, fazendo a Sua vontade. Pastores como Jesus não subestimam a Satanás, reconhecem as estratégias do lobo, do inimigo de nossas almas, que tenta atacar e se misturar ao rebanho para causar baixas, roubar, matar e destruir. Pastores como Jesus resistem ao lobo, defendem e protegem as ovelhas e expulsa-o das proximidades.

Pastores como Jesus não aceitam o pecado que “tenazmente nos assedia”; rechaçam-no com firmeza e procuram ensinar as ovelhas a se lavarem no sangue de Cristo quando pecam, mostrando o caminho da confissão, do quebrantamento e da humildade. Pastores como Jesus reconhecem sua humildade e portanto, identificam-se com suas ovelhas em suas dores e limitações. Pastores como Jesus “se encarnam”, tornam-se iguais às ovelhas, isto é, reconhecem que são ovelhas também do rebanho do Supremo Pastor.

Pastores verdadeiros confiam e reconhecem o poder e autoridade de Cristo e ajudam as ovelhas a aprender o caminho da dependência e submissão em obediência à esta autoridade. Pastores como Jesus buscam sempre agradar a Deus e não a homens, ensinam todo o conselho de Deus e não só a parte da mensagem.

Pastores como Jesus reconhecem que o sofrimento faz parte da vida das ovelhas e é instrumento de Deus para crescimento, fortalecimento e aprendizado.

O Dr. James Houston, teólogo, pensador cristão e pastor, tem ensinado que os verdadeiros pastores, servos com coração pastoral, não são os que estão necessariamente à frente, ou brilhando do alto dos púlpitos ou ministérios, mas são os que estão atrás e no meio do rebanho, com o cajado e vara, encorajando os que desanimam, levantando os caídos, protegendo as ovelhas, trazendo esperança aos que estão descrendo e ajudando-os a perseverar na vida cristã, curando as feridas da alma das ovelhas, acolhendo os pecadores cansados e oprimidos, corrigindo e alimentando os que se afastaram do rebanho.

Que imagem fiel e bonita do pastor, mas quanta distância do que vemos hoje no meio evangélico. Uma geração de pastores e ovelhas que infelizmente abraçaram conceitos sobre liderança pastoral baseados em moldes empresariais secularizados, ovelhas que não desejam mais pastor-pastor, mas que “projetam suas frustrações pessoais em cima dos que estão à frente, criando expectativas erradas da atuação pastoral, sobrecarregando com exigências que jamais foram solicitadas por Deus” (Larry Crabb).

Um outro aspecto interessante: alguns presbíteros, mas não todos, ensinam.(em 1 Tm 5.17; Tt 1.9; Hb 13.7, e Ef 4.11-16 lemos que Cristo deu à igreja “pastores e mestres” para equipar cada um para o serviço). Na visão apostólica de liderança congregacional, provavelmente existiram mestres que não eram presbíteros, bem como presbíteros que não ensinavam, e, também aqueles que tanto ensinavam como governavam.

Pastores são ministros da graça de Deus. Não tem nada para oferecerem de si mesmos a não ser “suas próprias inutilidades e limitações” (Henry Nouwen). Paulo, o apóstolo, entende que é um “servo inútil” já em final de ministério. Ao reconhecer sua incapacidade e finitude, o pastor se torna instrumento do amor e graça de Jesus. O que os pastores tem a oferecer são suas próprias vidas dedicadas ao Senhor e às ovelhas, para que as elas conheçam, amem, obedeçam e andem na amizade e presença do Pai e glorifiquem a Deus aqui.

Pastores como Jesus se alegram e se realizam ao ver a manifestação do Senhor na vida das ovelhas; sentem-se recompensados em serem usados por Deus, quando há restauração na vida do rebanho e em seus relacionamentos, conversão dos maus caminhos, transformações na mente, coração, caráter e temperamento; sentem-se recompensados quando percebem que as ovelhas estão levando a Palavra de Deus a sério, vivendo os valores do reino e servindo ao Pai na obra, tornando-se mais parecidos com Cristo.

Pastores como Jesus sabem que não devem esperar reconhecimento humano; pelo contrário, devem ter consciência que é uma tarefa difícil, sujeita a profundas lutas espirituais, tentações, desertos, humilhações, traições, mas que a justiça recompensa virá das mãos Daquele que o chamou e vocacionou e que prometeu sua companhia e capacitação. “Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa de glória” 1 Pe 5.4

Fonte: http://setiar.blogspot.com

terça-feira, 19 de agosto de 2008

MISSÕES, MISSIONÁRIOS E AGÊNCIAS MISSIONÁRIAS: LISTA E LINKS

MISSÕES E AGÊNCIAS MISSIONÁRIAS:

ACRÉSCIMOS RECENTES:


MISSIONÁRIOS E PASTORES:


RECURSOS ÚTEIS:

  • TEARFUND (recursos e informações para Missão Integral)

    • FONTE: Blog Veredas Missionárias - www.veredasmissionarias.blogspot.com

      Ao reproduzir a lista, cite a fonte. E lembramos que novos links estarão sendo acrescentados aqui, ao longo do tempo (bem como e prioritariamente no blog Veredas Missionárias). Por isso, caso você queira pôr um link em seu blog (por exemplo, para 'LINKS DE MISSÕES'), direto para cá, fique à vontade.
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    domingo, 17 de agosto de 2008

    Em missão, aqui e agora

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    P
    aulo não nos permitirá a compensação por negligenciarmos os que estão mais próximos de nós ao alardearmos a nossa compaixão por aqueles que estão em outro continente. Jesus, é necessário lembrar, restringiu nove décimos de seu ministério a doze judeus porque essa era a única maneira de redimir todos os americanos. Ele não poderia ser incomodado, diz Martin Thornton, com os cananitas estrangeiros porque sua obra foi a de salvar o mundo inteiro. O cheque para a criança faminta ainda deve ser preenchido e o missionário enviado, mas como uma extensão daquilo que estamos fazendo em casa, e não como uma isenção disso.

    Pois tudo o que sabemos sobre a Palavra de Deus se resume em uma única sentença: ame os outros como você ama a si mesmo. Esse é um ato de verdadeira liberdade.
    Gálatas 5.14

    Eugene Peterson - http://www.cristianismohoje.com.br
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