segunda-feira, 13 de julho de 2009

O “fugu” evangélico

Porque temos ouvido tantos líderes cristãos citando pensadores divergentes e até ferrenhos opositores do cristianismo? Porque nossos jovens trocam tão facilmente o que aprenderam na Escola Dominical pelo conhecimento secular na universidade? Porque nas conversas do dia a dia os crentes citam o que aprenderam na televisão e raramente o que aprenderam na igreja? Nesta mensagem pregada em 12 de julho de 2009 na Igreja Vida Abundante em Deerfield Beach - Flórida, o miss. José Bernardo traz uma interessante visão sobre o tema, a partir da experiência de Paulo com a igreja de Corinto.

Leitura bíblica 1Co 2:1-16 “ Eu mesmo, irmãos, quando estive entre vocês, não fui com discurso eloqüente, nem com muita sabedoria para lhes proclamar o mistério de Deus. Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. E foi com fraqueza, temor e com muito tremor que estive entre vocês. Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus. Entretanto, falamos de sabedoria entre os que já têm maduridade, mas não da sabedoria desta era ou dos poderosos desta era, que estão sendo reduzidos a nada. Ao contrário, falamos da sabedoria de Deus, do mistério que estava oculto, o qual Deus preordenou, antes do princípio das eras, para a nossa glória. Nenhum dos poderosos desta era o entendeu, pois, se o tivessem entendido, não teriam crucificado o Senhor da glória. Todavia, como está escrito: Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam; mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito. O Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as coisas mais profundas de Deus. Pois, quem conhece os pensamentos do homem, a não ser o espírito do homem que nele está? Da mesma forma, ninguém conhece os pensamentos de Deus, a não ser o Espírito de Deus. Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente. Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, interpretando verdades espirituais para os que são espirituais. Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois quem conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo? Nós, porém, temos a mente de Cristo.”

Fugu é o prato japonês preparado com peixes que tem grandes quantidades do veneno tetrodotoxina em seu organismo - veneno que paraliza as vítimas e mata por asfixia enquanto a vítima permanece consciente. Pratos, caríssimos são preparados com esse peixe e degustados em ambientes sofisticados, levando as pesssoas a se aproximarem da morte por diversão, e muitos tem morrido. Porque as pessoas comem esse prato? Porque querem experimentar a morte?

Por outro lado, ultimamente, talvez mais do que no passado, os pregadores evangélicos tem demonstrado grande preferência por citar autores reconhecidos pelo mundo, mesmo que eles sejam divergentes ou até radicais oponentes às Escrituras e à fé. Tenho ouvido líderes evangélicos dependerem do confuso Freud para o aconselhamento, há outros citando Voltaire, crítico do cristianismo, Nietzsche, desviado e enlouquecido, Foucault, defensor de uma sexualidade fora dos padrões bíblicos. Porque os pregadores estão fazendo isso? Porque a sabedoria humana tem sido colocada, em muitas igrejas e para muitos crentes no mesmo nível ou até superior à sabedoria bíblica? Porque nossos jovens admitem o conhecimento secular como superior? Porque temas como casamento e educação de filhos absorvem tanta informação mundana sem filtro? Porque os crentes citam para os amigos os ditos populares, autores famosos e até artistas, mas raramente as escrituras?

Brincar com o conhecimento mundano, alimentar-se dele, é como comer o Fugu. Paulo tinha uma outra posição.

1. O que o texto diz
Corinto era uma cidade muito rica, grande e de diversificada variedade cultural, orgulhosa de suas escolas de filosofia. Paulo formara esta igreja alguns anos antes e agora, quando estava em Éfeso os crentes lhe escreveram com perguntas, muitas deles motivadas pelo livre pensamento que os fazia titubiar na fé e provocava muitas divergências.

1.1. O veneno da aparência - 1Co 2:1-3 “Eu mesmo, irmãos, quando estive entre vocês, não fui com discurso eloqüente, nem com muita sabedoria para lhes proclamar o mistério de Deus. Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. E foi com fraqueza, temor e com muito tremor que estive entre vocês.”
- O desejo de querer parecer inteligente, capaz, moderno, liberal, integrado é que leva muitos crentes a se alimentarem de Fugu intelectual. Paulo decidiu não se deliciar na pregação de outro conhecimento que não fosse o Evangelho.

1.2. O veneno da razão - 1Co 2:4,5 “Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus.”
- Uma humana necessidade de compreender as causas e as consequências de tudo faz com que se selecione preferencialmente o conhecimento mundano que pode ser mais lógico do que o conhecimento bíblico, que escapa ao domínio do homem. Paulo preferiu confiar no inexplicável poder divino contido no conhecimento das Escrituras.

1.3. O veneno da sensação - 1Co 2:6,7 “Entretanto, falamos de sabedoria entre os que já têm maduridade, mas não da sabedoria desta era ou dos poderosos desta era, que estão sendo reduzidos a nada. Ao contrário, falamos da sabedoria de Deus, do mistério que estava oculto, o qual Deus preordenou, antes do princípio das eras, para a nossa glória.”
- Parece inquestionável a autoridade dos homens famosos e bem sucedidos para trasmitir o conhecimento e muitos os seguem e se deixam liderar por eles. Se alguém ganhou dinheiro, desenvolveu negócios, superou tratamentos, esta pessoa é que será ouvida. Paulo conseguia perceber que tais pessoas estão, na verdade, se destruindo e acabando. Ele preferia a experiência da sabedoria de Deus, cuja revelação temos experimentado.

2. O que o texto quer
Paulo era um homem culto, tinha muita sabedoria humana, e Deus até usou isso para que ele fizesse a maior obra missionária de todos os tempos. Mas Paulo quer nos dar um exemplo de como devemos nos relacionar com a sabedoria desse mundo, que na época e para os coríntios era tão importante. Paulo nos convida a considerar a sabedoria que vem de Deus acima de todo o saber desse mundo. Em outras palavras Paulo disse a mesma coisa aos Filipenses, quando disse que tudo considerava como refugo ou esterco para ganhar a Cristo.

3. O que você vai fazer?
Será que você estã comendo fugu? Está aceitando que lhe deem peixe envenenado? Está brincando com a sensação de morte que vem de consumir o prato da sabedoria deste mundo?

  • 3.1. Vigie sua vaidade, sua necessidade de parecer bem aos olhos dos outros.
  • 3.2. Vigie sua racionalidade, sua necessidade de entender naturalmente todas as coisas.
  • 3.3. Vigie sua emoção, sua necessidade de sentir e experimentar “tudo”
  • Por fim, aceite o presente e procure entender a grandiosidade daquilo com que Paulo conclui maravilhosamente esta mensagem: “Nós, porém, temos a mente de Cristo.” Confie nisso. Valorize isso.



    Fonte: http://www.evangelizabrasil.com