sábado, 21 de junho de 2008

O perigo da Hipnose

Por Martin e Deidre Bobgan


A popularidade da hipnose

Durante estes dias de um suposto grande estresse e pressão, [alega-se que] a hipnose estaria pronta a oferecer cura para as massas. A hipnose... [seria] uma ferramenta terapêutica que os profissionais de saúde [poderiam] tirar do baú para lutar contra o vício do fumo ou problemas de obesidade; para administrar os problemas de ansiedade, medos e fobias; para curar dor; superar depressão; melhorar a vida sexual das pessoas; para curar males tais como a asma e a febre; enfrentar quimioterapia sem sentir náuseas; para curar ferimentos mais rapidamente; e para aumentar as notas na escola. Além disso, ...a hipnose [poderia ser usada] como parte do processo terapêutico para reduzir os efeitos colaterais dos medicamentos, para acelerar a recuperação do paciente, e para reduzir o desconforto pós-operatório. Dentistas [poderiam] usar técnicas hipnóticas em conjunto com óxido nitroso com o propósito de relaxar os pacientes, minimizar dor e hemorragia, e controlar a rejeição do paciente ao anestésico durante as intervenções.

A parte mais triste disso tudo é que alguns cristãos desavisados estão dispostos a "tentar" a hipnose. Uma propaganda em um jornal, publicada por uma Clínica Hipnoterápica (existe até uma "Sociedade Americana para Hipnose Clínica"), fez algumas afirmações incríveis que indicam como a técnica de hipnose realmente não é bíblica (i.e., da Nova Era):

A hipnose é o método mais efetivo de mudar a sua maneira de pensar, sentir e agir. Quando você alinha a sua mente subconsciente – sua voz interior – com sua mente consciente, você apaga crenças conflitantes que o restringem. Você pode então avançar, sem sabotar a si mesmo. As técnicas da clínica hipnótica guiam você a um estado de mente relaxado e pacífico. Você mantém total controle enquanto aprende a usar o poder de toda a sua mente a fim de criar um desejo forte de atingir o seu alvo. Você pode mudar a sua vida.

A hipnose não é algo novo. Ela já tem sido usada durante milhares de anos por feiticeiros, médiuns espíritas, xamãs, hindus, budistas e iogues. Mas a popularidade crescente do uso da hipnose para a cura no mundo secular tem influenciado muitos na Igreja a aceitarem a hipnose como um meio de tratamento. Há médicos, dentistas, psiquiatras e psicólogos, não-cristãos e cristãos professos, que recomendam e usam a hipnose.

Violentação da vontade

Ainda que um hipnotizador possa produzir somente um transe leve ou médio, ele não pode impedir alguém hipnotizado de entrar espontaneamente na zona de perigo, a qual pode incluir um senso de separação do corpo, uma aparente clarividência, alucinação, estados místicos similares aos descritos pelos místicos orientais, e até o que o pesquisador de hipnotismo Ernest Higard descreve como "possessão demoníaca". Nós argumentaríamos que a hipnose pertence ao oculto em qualquer nível de transe, mas quando ela se aprofunda em seus níveis, a hipnose está indubitavelmente ligada ao ocultismo.

Há controvérsias sobre se um hipnotizador pode ou não levar uma pessoa a fazer alguma coisa contra a sua própria vontade. Muitos hipnotizadores dizem categoricamente que a vontade não pode ser violada. Mas a evidência aponta em outra direção. A hipnose aumenta a capacidade de uma pessoa ser sugestionada a tal ponto que o sujeito crerá quase qualquer coisa que o hipnotizador lhe disser – até mesmo ao ponto de ter uma alucinação mediante a sugestão do hipnotizador. Durante a hipnose, as habilidades críticas de uma pessoa são reduzidas de tal forma a ponto de criar o que tem sido chamado de "transe lógico", o que aceita, sem discernimento, aquilo que normalmente pareceria irracional, ilógico e incompatível.

Pelo fato de quase qualquer coisa parecer plausível para alguém no estado de transe, é possível para uma pessoa hipnotizada agir contra a sua vontade, ou seja, fazer o que não faria se estivesse fora do estado hipnótico. A hipnose passa por cima da vontade ao colocar a responsabilidade do lado de fora da escolha objetiva, racional e crítica. Com as habilidades normais de avaliação submergidas, a sugestibilidade aumentada, e as restrições racionais reduzidas, a vontade estará seriamente impedida e, no mínimo, aberta para ser violada.

"Memórias" do passado e previsões do futuro

Um uso popular da hipnose tem sido o da procura da memória para "voltar até a infância". Alguns pacientes inclusive descrevem suas experiências do que eles crêem ser sua vida no ventre da mãe e seu nascimento subseqüente (isto é impossível, entretanto, por causa do fato científico neurológico de que a mielina do cérebro pós-natal é incapaz de guardar tais memórias). Outros ainda descrevem algum tipo de estado desincorporado e, então, o que eles identificam como sendo suas vidas passadas e antigas identidades. Quanto disso é criado pelo aumento da sugestibilidade, imaginação irrestrita, transe alucinógeno ou intervenção demoníaca não pode ser determinado! Além disso, a Bíblia claramente contradiz a noção de vidas passadas e reencarnação – "...aos homens está ordenado morrerem uma só vez" (Hb 9.27).

A hipnose nem mesmo é confiável para recordar coisas recentes. O que é "lembrado" sob o efeito da hipnose tem sido muitas vezes criado, reconstruído ou melhorado durante o estado de alta sugestibilidade. Pesquisas indicam que depois de hipnose, a pessoa é incapaz de distinguir entre uma recordação verdadeira e o que imaginou ou criou sob o efeito da sugestão. Muito provavelmente, a hipnose trará à luz falsas impressões como se fossem eventos verdadeiros do passado (indivíduos podem e muitas vezes mentem durante a hipnose!). É mais provável então que a hipnose mais contamine a memória do que ajude a pessoa a lembrar o que realmente aconteceu.

Além da terapia hipnótica das vidas passadas, alguns praticantes estão fazendo agora terapia hipnótica da vida futura. A pessoa hipnotizada supostamente vê os futuros eventos, resolve assassinatos, revela os destinos futuros de personalidades bem conhecidas, etc. Alguém envolvido nessa viagem hipnótica deve perguntar a si mesmo: "Onde está a linha de demarcação entre o demoníaco e o divino, entre a esfera de Satanás e a da ciência? Em que ponto a porta das trevas se abre e o diabo conquista uma fortaleza na alma?"

Rótulos científicos

Pelo fato de alguns médicos e psicólogos usarem a hipnose, a maioria crê que ela seja algo médico e, portanto, científico. O rótulo de "médica" antes da palavra hipnose dá a impressão de que a hipnose é benevolente e segura. Até mesmo alguns cristãos famosos alegam que a hipnose pode ser de ajuda se praticada por médicos cuja intenção seja boa e não má (apesar da hipnose ter sido investigada através de meios científicos, e existirem alguns critérios mensuráveis sobre o transe em si mesmo, a hipnose não é uma ciência).

Ninguém sabe exatamente como a hipnose "funciona", além do óbvio "efeito placebo" – o uso bem-sucedido do "falso feedback" (falsa realimentação) da mesma maneira como o "feedback" é usada em técnicas ocultas comuns à acupuntura, biofeedback e psicoterapia. Mas combinar a palavra hipnose com a palavra terapia não transforma essa prática oculta em científica. Um paletó branco pode ser uma roupa bem mais respeitável do que penas e caras pintadas, mas as coisas básicas permanecem as mesmas. A hipnose é hipnose, mesmo que seja chamada de hipnose médica, hipnoterapia, auto-sugestão, ou qualquer outra coisa. A hipnose nas mãos de um médico é tão científica quanto uma forquilha para procurar água nas mãos de um engenheiro civil.

Transes que ocorrem mediante a ação de médicos não são significantemente diferentes da hipnose do ocultismo. Nos seus artigos sobre hipnose, os quais são usados em escolas de medicina, dois renomados pesquisadores afirmam categoricamente: "O leitor não deveria se confundir pela suposta diferença entre hipnose, zen, ioga e outras metodologias orientais de cura. Ainda que os rituais de cada uma difiram uns dos outros, eles são fundamentalmente a mesma coisa." Só porque a hipnose é usada por um médico não significa que ela esteja livre de sua natureza ocultista. Mais e mais praticantes de medicina estão sendo influenciados por essas antigas práticas médicas do ocultismo. O movimento de cura holística tem casado, com muito sucesso, a medicina ocidental com o misticismo oriental.

Transes hipnóticos auto-induzidos

Aqueles que poderiam se sentir um pouco nervosos com o fato de serem hipnotizados por outros, muitas vezes, tendem a se sentir seguros com a auto-hipnose (ainda que essas pessoas, em um transe hipnótico auto-induzido, possam ganhar um certo controle e exercitar algum grau de escolha, eles, mesmo assim, não retêm o seu meio normal de avaliação da realidade, e moderação racional). Mestres de auto-hipnose geralmente tentarão assegurar às pessoas que a hipnose é simplesmente a atenção enfocada, concentração aumentada, relaxamento, visualização e imaginação. No entanto, tais atividades são precisamente os meios para se entrar em transe. Além disso, eles continuam ligados em um nível diferente durante o transe. Ao imaginar que está deixando o corpo, a pessoa pode entrar em um transe com o tipo de alucinação e transe lógico de tal forma que realmente parece estar fora de seu corpo.

Um médico, ao ensinar auto-hipnose em uma classe, instruiu seus estudantes a entrarem em transe hipnótico, deixarem seus corpos, e então voltarem-se para explorar várias partes dos seus corpos. O propósito de tal exercício era o auto-diagnóstico e a cura de si mesmo. O ocultista Edgar Cayce também usou auto-hipnose para diagnosticar enfermidades e prescrever tratamentos. Portanto, a auto-hipnose pode ser uma atividade tão ocultista e demoníaca como um transe dirigido por um hipnotizador.

Hipnose e ocultismo

Em seu livro Peace, Prosperity and the Coming Holocaust (Paz, Prosperidade e o Futuro Holocausto), Dave Hunt faz algumas observações interessantes a respeito do porquê ele classificaria hipnose como parte do ocultismo:

Uma razão para chamarmos a hipnoterapia de um ritual religioso é o fato de que ela produz efeitos misteriosos que deixarão totalmente confundido um investigador que a analise como ciência; (1) sob hipnose administrada por psiquiatras, pessoas que nunca tiveram contato com OVNIs podem ser estimuladas a "lembrarem-se" de um rapto por um OVNI que coincide em detalhes com aqueles descritos por outros que supostamente foram raptados por eles; (2) a hipnose também leva a ter "memórias" espontâneas de vidas passadas e futuras, com mais ou menos um quinto delas envolvendo uma existência em outros planetas; (3) o transe hipnótico também duplica as experiências que são comuns sob o estímulo de drogas psicodélicas, meditação transcendental, e outras formas de ioga e meditação orientais; (4) a hipnose também cria poderes psíquicos espontâneos, clarividência, experiências fora do corpo, e todo um espectro de fenômenos ocultos; e (5) a experiência da chamada morte clínica (quase-morte) é também produzida sob hipnose.

Duas conclusões que a maioria dos investigadores acha muito desagradáveis, mas que parecem ser inescapáveis são as seguintes: (1) há uma origem comum por detrás de todos os fenômenos ocultos, incluindo OVNIs, que parece estar hábil e deliberadamente orquestrando uma fraude inteligente para seus próprios propósitos; e (2) a hipnose, ou o poder da sugestão, está no coração desse esquema de fenômenos ocultos.

A conexão entre a hipnose e o misticismo oriental é evidente. Nas várias profundidades do transe hipnótico, pacientes descrevem experiências que são idênticas a da consciência cósmica e auto-realização induzidas pelo transe da ioga. Eles primeiro experimentam uma paz profunda, depois a separação do corpo, depois a liberação de sua própria e pequena identidade a fim de fundirem-se com o Universo, e o sentimento de que eles são tudo e não têm qualquer limitação para o que podem experimentar ou se tornar. Por exemplo, uma consciência de ser deus "na qual o tempo, o espaço e o ego são supostamente transcendentes, mergulhando na pura consciência do nada primal do qual toda a criação existente tem sua origem."

A hipnose começou como parte do ocultismo e da religião falsa. A Bíblia fala fortemente contra todas as práticas das falsas religiões e do ocultismo. Deus deseja que o Seu povo, com suas necessidades, se volte para Ele, e não para aqueles que praticam feitiçaria, adivinhação ou encantamento. Ele avisa Seu povo para não seguir médiuns, mágicos, encantadores, feiticeiros, e aqueles que consultam os mortos (Deuteronômio 18.9-14). A hipnose, tal como é praticada hoje, pode muito bem ser a mesma coisa que é identificada na Bíblia como "encantamento" (Levítico 19.26).

No hipnotismo, a fé é transferida de Deus e de Sua Palavra para o hipnotizador e sua técnica. Deus fala ao Seu povo através da mente consciente e racional. Ele criou os indivíduos como criaturas que fazem escolhas conscientes e volitivas. Ele enviou o Seu Santo Espírito para habitar nos cristãos a fim de capacitá-los a confiar nEle e obedecer-Lhe através do amor e da escolha consciente. A hipnose, por outro lado, opera na base da imaginação, ilusão, alucinação e engano. Jesus alertou Seus seguidores contra o engano. Depois que uma pessoa abre a sua mente para o engano através da hipnose, ela pode se tornar muito mais vulnerável a outras formas de fraude espiritual.

A hipnose pode gerar as imitações satânicas do exercício da verdadeira religião. Se a hipnose gera qualquer forma de fé e adoração que não é dirigida diretamente para o Deus da Bíblia, qualquer pessoa que se submete ao hipnotismo pode estar fazendo o papel de prostituta na esfera espiritual (veja Lv 19.26,31; 20.6,27; Dt 18.9-14; 2 Rs 21.6; 2 Cr 33.6; Is 47.9-13; Jr 27.9).

O hipnotismo é, na melhor das hipóteses, potencialmente perigoso, e, no pior dos casos, demoníaco. No pior caso, ele abre um indivíduo para experiências psíquicas e de possessão satânica. Quando os médiuns entram em transe hipnótico e contatam os "mortos‘, quando os clarividentes revelam informações que eles não poderiam conhecer de forma alguma, quando os prognosticadores, através de auto-hipnose, revelam o futuro, certamente Satanás está agindo.

Conclusão

Devido a todas essas razões: porque a hipnose tem sempre sido uma parte integral do ocultismo, porque ela não é uma ciência, por causa dos seus conhecidos efeitos maléficos, e por causa de sua fraude espiritual, o cristão deve evitá-la completamente, até mesmo por motivos "médicos". É óbvio que a hipnose é letal se usada com propósitos maus. No entanto, nós argumentamos que a hipnose é potencialmente letal seja para qualquer propósito que for usada. No momento em que alguém se rende à porta do ocultismo, mesmo em nome da "ciência" e da "medicina", ele se torna vulnerável aos poderes das trevas. (Adaptação de trechos do livro "Hypnosis and the Christian" – Traduzido por Ebenezer Bittencourt.)



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terça-feira, 17 de junho de 2008

Servo do Senhor

Burkhard Vetsch

Isaías foi um servo amado e escolhido por Deus. Ele o era porque colocou-se incondicionalmente à disposição do Senhor com as palavras: "Eis-me aqui, envia-me a mim" (Is 6.8). Por isso, como um confidente do Senhor, legitimado por Deus, ele pôde anunciar a um mundo perdido, de maneira antes nunca vista, o Salvador e Redentor, o Messias e Emanuel. E ele o fez através do Espírito Santo, por força das suas grandiosas visões, chamando o Prometido de Servo do Senhor.

Israel já tinha recebido uma promessa da vinda do Messias através de Moisés, quando este disse profeticamente: "O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta no meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás" (Dt 18.15). Por trás dessa promessa estava a garantia do Eterno e Todo-Poderoso. E o profeta prometido não podia ser outro do que alguém dentre seus irmãos, portanto, um judeu. "A salvação vem dos judeus" (Jo 4.22), afirmou o próprio Senhor Jesus. Isaías já o havia anunciado antecipadamente de maneira muito clara: "O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz" (Is 9.2). Que promessa e que provisão misericordiosa para Israel, dizendo que justamente para esse povo nasceria uma grande luz em meio às trevas e o ajudaria a sair da sombra da morte! Com que ansiosa expectativa Israel deve ter confiado nessa promessa maravilhosa!

De maneira progressiva, em etapas crescentes, a voz do profeta anunciou a vinda do Salvador e Redentor de Israel e do mundo:

• 1ª etapa: "Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo. Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor" (Is 11.1-2)."Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca..." (Is 53.2).

• 2ª etapa: "Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel" (Is 7.14).

• 3ª etapa: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto" (Is 9.6-7).

• 4ª etapa: "Naquele dia, recorrerão as nações à raiz de Jessé que está posta por estandarte dos povos; a glória lhe será a morada" (Is 11.10).

Rebento – Emanuel – filho – menino – governo – reino – morada – estas são as etapas estabelecidas por Yahweh para o "Rei dos reis e Senhor dos senhores" (1 Tm 6.15).

Porém, da parte de Deus esse Filho elevado e sublime é chamado freqüentemente de Servo do Senhor. Leiamos apenas três textos messiânicos em Isaías:

"Eis aqui o meu Servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios" (Is 42.1).

"Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime" (Is 52.13).

"Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si. Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu" (Is 53.11-12).

Servo do Senhor não seria uma designação humilhante para o Messias de Deus? Esse nome tem conteúdo profético: ele traça o caminho dAquele que teve que entregar Sua alma à morte como malfeitor. A sabedoria divina não conduziu primeiro para o alto, mas à incompreensível profundeza de grandes sofrimentos. Aqui Isaías viu o homem de dores desprezado que carregou as nossas enfermidades (os nossos pecados) e o nosso castigo, como um cordeiro mudo que é levado ao matadouro: "Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido" (Is 53.3-4).

Não é de admirar que os sábios judeus tiveram problemas com essas representações simbólicas tão diferentes e aparentemente paradoxais do Messias: por um lado se fala do Messias vitorioso, a quem será entregue o domínio – por outro lado trata-se de um Messias desprezado, que se deixa matar como servo de Deus inocente, sofredor. Por isso, alguns sábios judeus concluíram que deveria haver dois Messias, chamando ao glorioso de "Mashiach ben David" (Messias filho de Davi), e ao outro, morto como inocente, de "Mashiach ben Yosef" (Messias filho de José). É evidente que Israel se sentia preferencialmente atraído ao glorioso "Mashiach ben David". Mas as duas representações do Messias se referem à mesma Pessoa! Ele é: "Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus" (Jo 19.19). Inconscientemente Pilatos teve que testificá-lo com a inscrição Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum (I-N-R-I), que mandou afixar no alto da cruz (em hebraico, latim e grego – v. 20). Ele é o Cristo, o Salvador do mundo e Redentor de todos aqueles que desejam pertencer-Lhe. Até Seu sofrimento, Sua morte e ressurreição, Ele cumpriu cerca de 300 profecias. Um judeu pode identificar o verdadeiro Messias apenas lendo o livro de Isaías e com isso passar a ter um relacionamento pessoal com Ele. E, Deus seja louvado, muitos já O encontraram!

O conceito messiânico Servo do Senhor estava enraizado na consciência do povo judeu. Mas quando Ele veio em humildade, como Servo, está escrito: "Veio para o que era seu, e os seus não o receberam" (Jo 1.11). Que trágico! Israel queria um rei judeu majestoso, um rei lutador que o libertasse do jugo romano, não um servo sofredor, que sequer se opôs quando O mataram. Dele está escrito: "Ofereci as costas aos que me feriam e as faces, aos que me arrancavam os cabelos; não escondi o rosto aos que me afrontavam e me cuspiam" (Is 50.6). Isso não poderia acontecer! Alguém que permitiu uma humilhação tão grande jamais poderia ser o seu Messias. A maioria dos judeus mantém essa opinião até hoje.

Pelo Espírito Santo, reconheçamos de maneira nova e louvemos a Jesus como Servo de Deus, a Ele que nos livrou da culpa do pecado!

Qual o elemento da salvação? O sangue, já desde a queda em pecado no Jardim do Éden, pois: "Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão" (Hb 9.22).

Para realizar uma remissão plena para todos os homens de todos os tempos, Deus precisava dAquele que sacrificou-se com Seu próprio sangue. Este foi o caminho de obediência do Servo de Deus, Jesus Cristo. Ele o fez por amor a você e a mim! No dia de Pentecoste o apóstolo Pedro anunciou aos seus compatriotas judeus: "O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós traístes e negastes perante Pilatos, quando este havia decidido soltá-lo" (At 3.13).

Jesus viveu entre os homens como Servo e Escravo, e como Servo e Escravo Ele consumou a nossa salvação. Por isso Ele disse aos Seus discípulos: "Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve" (Lc 22.27). E: "tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mt 20.28). Este foi o Seu ministério para conosco, pois como Servo de Deus entregou Sua vida no altar do sacrifício por você e por mim. Isso não pode nos deixar indiferentes e desinteressados!

Jesus – Servo de Deus! E nós, que posição assumimos? A índole de servo de modo nenhum existe no homem natural. Muito pelo contrário, a rebelião, o desejo de dominar, o orgulho, estão latentes em nós. "Muitos empregados estão subordinados a mim", disse alguém com orgulho escancarado. Assim é a ambição carnal que tem como alvo a aparência, a posição, o prestígio, o poder, muitas vezes passando por cima dos outros, deixando pelo caminho vidas destruídas. No mundo em que vivemos, ser alguma coisa ou ter valor é muito mais atraente do que ser servo. Que erva daninha é o orgulho, principalmente o orgulho espiritual! O Senhor Jesus demonstrou Sua atitude de Servo e nos exortou a fazer o mesmo: "Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também" (Jo 13.14-15). Também o apóstolo Paulo tinha entregado sua vida a Deus como servo: "Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no Evangelho de seu Filho, é minha testemunha..." (Rm 1.9). Exercitemo-nos a cada dia, para assumir a posição de servo de Deus ou serva do Senhor! Nosso Mestre nos ajudará nessa jornada e nos abençoará!

Nosso excelso e maravilhoso Senhor Jesus foi apresentado e anunciado por Isaías como Servo do Senhor porque a grandiosa salvação planejada por Deus somente podia ser confiada a um Servo absolutamente disponível, que provasse Sua submissão sendo obediente até a morte.

Encontramos uma primeira representação simbólica antecipada do Servo do Senhor no cordeiro pascal sacrificado antes da libertação do povo hebreu do Egito. Todo pai de família teve que providenciar para sua família um cordeiro sem defeito, macho de um ano, cujo sangue tinha de aspergir nas ombreiras e na verga da porta da sua casa (Êx 12.7) para que fossem salvos da morte. O sangue foi e continua sendo a única substância de salvação.

O que é um servo (um escravo)? Um servo está a serviço de um senhor e tem com ele um relacionamento de submissão e dependência – e espera-se que tenha também um relacionamento de confiança. Temos um exemplo humano em Elieser, servo de Abraão, que desfrutava da confiança de seu senhor a ponto deste usá-lo em tarefas muito especiais. A Elieser foi confiada a missão de procurar e trazer para casa a esposa destinada a seu filho Isaque; portanto, não uma esposa qualquer, mas aquela que havia sido escolhida por Deus (Gn 24). Elieser é um exemplo de servo fiel, que se identifica de maneira total com a ordem recebida. No aspecto espiritual, esse servo Elieser é um símbolo do Espírito Santo, pois ao buscar a esposa para Isaque ele deixou-se guiar e dirigir por Deus. Mas o mais perfeito de todos os servos teve que descer do céu e abandonar a glória do Pai para cumprir Sua missão com perfeição divina: "a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz" (Fp 2.8).

No livro de Isaías encontramos várias descrições de "servos de Deus". Algumas contêm profecias messiânicas e outras se referem a Israel. "E me disse: Tu és o meu servo, és Israel, por quem hei de ser glorificado" (Is 49.3). Israel deveria estar bem próximo do Senhor ao realizar Seu serviço, para levar o conhecimento de Deus até os confins da terra, até às ilhas mais distantes: "...ao meu povo que formei para mim, para celebrar o meu louvor" (Is 43.21). Essa foi e continuou sendo a tarefa dada a Israel como servo do Senhor. Mas ele sempre fracassava e voltava a cair em desobediência. Deus lamenta a respeito: "Quem é cego como o meu servo, ou surdo, como o meu mensageiro, a quem envio? Quem é cego, como o meu amigo, e cego, como o servo do Senhor?" (Is 42.19). "...me deste trabalho com os teus pecados e me cansaste com as tuas iniqüidades" (Is 43.24). Depois de pecar, Israel era inevitavelmente castigado e disciplinado pelo Senhor. Por isso o Filho-Servo teve que assumir essa tarefa e Ele fez com a máxima perfeição o que Israel não foi capaz de realizar. Também o encargo de resgatar Israel na última fase dos tempos finais teve que ser entregue ao próprio Messias: "Mas agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó e para reunir Israel a ele, porque eu sou glorificado perante o Senhor, e o meu Deus é a minha força" (Is 49.5). Aqui já temos um panorama e uma visão do ajuntamento de Israel no Milênio de paz!

Será que Deus ainda mantém Seu plano com Israel? David Ben Gurion, o primeiro premiê do recém-fundado Estado de Israel, viajou para os Estados Unidos e quis encontrar Albert Einstein. Ele fez apenas uma pergunta a Einstein: "Do ponto de vista científico, existe ou não existe esse Deus de Israel?" Einstein respondeu-lhe: "Esse Deus, nosso Deus de Israel, existe. Ele vive e Ele reina".

Isaías já sabia disso muito antes, e disse por ordem do Altíssimo: "Mas tu, ó Israel, servo meu, tu, Jacó, a quem elegi, descendente de Abraão, meu amigo, tu, a quem tomei das extremidades da terra, e chamei dos seus cantos mais remotos, e a quem disse: Tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei, não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel" (Is 41.8-10). Será que conseguimos sentir todo o amor paternal, todo o zelo com que Ele mesmo está preocupado com a existência e com o futuro de Israel? É simplesmente comovente! Sabemos que Israel está protegido em todos os tempos sob o cuidado e a direção da Sua onipotência. Disso podemos estar certos também hoje, apesar de todas as turbulências por que passa essa nação! Ele o faz apesar da revolta dos palestinos, apesar do Holocausto, apesar de todos os mísseis apontados para Israel. Na sua solidão e no seu isolamento por parte de todas as nações, o povo de Israel – hoje infelizmente secularizado –, está continuamente protegido pelo Guarda de Israel. Nossas orações devem cercar e envolver a Israel como um muro de proteção!

Israel é o povo do Seu serviço, e isso desde o começo! Deus disse: "Dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito. Digo-te, pois: deixa ir meu filho, para que me sirva; mas, se recusares deixá-lo ir, eis que eu matarei teu filho, teu primogênito" (Êx 4.22-23).

Deus seja louvado: Ele nunca desistiu da escolha de Israel como servo do Senhor! "Tu és o meu servo, és Israel, por quem hei de ser glorificado." Deus tornou-se fiador legítimo de Seu povo pelo Seu nome e Seu Filho. Em Sua pessoa como Messias e em Sua obra Ele é representante de Seu povo. O Filho de Deus identifica-se com Seu povo, pois está escrito: "Veio para o que era seu." Israel é propriedade de Jesus e também propriedade de Deus. A Palavra de Deus é Alfa e ‘mega. O que ainda falta a Israel hoje é o Espírito Santo prometido. Sem o Espírito Santo, Israel não está em condições de cumprir sua tarefa nos tempos finais, nem de levar às nações a bênção perfeita e completa. Isso acontecerá depois dos juízos da Grande Tribulação, quando Cristo se dará a conhecer a Seu povo como o Messias. Isaías viu isso numa visão: "até que se derrame sobre nós o Espírito lá do alto; então, o deserto se tornará em pomar, e o pomar será tido por bosque" (Is 32.15). Aí sim Israel, como o povo missionário, trará a bênção completa ao mundo; então, no Milênio, reinará segurança e paz, justiça e descanso. As nações virão a Israel desejando conhecer a verdade, como as Escrituras afirmam por diversas vezes:

"Assim diz o Senhor dos Exércitos: Naquele dia, sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu e lhe dirão: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco" (Zc 8.23).

"Eis que chamarás a uma nação que não conheces, e uma nação que nunca te conheceu correrá para junto de ti, por amor do Senhor, teu Deus, e do Santo de Israel, porque este te glorificou" (Is 55.5).

"Porque assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória das nações, como uma torrente que transborda; então, mamareis, nos braços vos trarão e sobre os joelhos vos acalentarão" (Is 66.12).

Esse é o glorioso futuro de Israel, o servo do Senhor! Por isso também hoje Deus apela a Israel: "Lembra-te destas coisas, ó Jacó, ó Israel, porquanto és meu servo! Eu te formei, tu és meu servo, ó Israel; não me esquecerei de ti. Desfaço as tuas transgressões como a névoa e os teus pecados, como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi" (Is 44.21-22).

A aliança para a salvação de Israel foi uma aliança de sangue. "Então, tomou Moisés aquele sangue, e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor fez convosco a respeito de todas estas palavras" (Êx 24.8). Essa aliança foi selada no Calvário, também em favor de Israel, com o sangue do Filho de Deus por toda a eternidade: "porque isto é o meu sangue, o sangue da (nova) aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados" (Mt 26.28). Por isto: "Regozijai-vos, ó céus, porque o Senhor fez isto; exultai, vós, ó profundezas da terra; retumbai com júbilo, vós, montes, vós, bosques e todas as suas árvores, porque o Senhor remiu a Jacó e se glorificou em Israel" (Is 44.23). Que gloriosa visão do Milênio de paz!

Podemos nos dar por satisfeitos com esses pensamentos piedosos e comoventes? Pelo contrário, devemos estar plenamente convictos de que nós, como Igreja de Jesus, como ramos da oliveira brava, somos enxertados na videira verdadeira, Israel, que é chamado de servo do Senhor. Isso significa identidade com Israel! Por isso, oremos insistentemente por Israel, pedindo que o Senhor o guie e conduza de maneira misericordiosa através da "angústia de Jacó" que ainda está por vir! Nesse sentido também temos uma incumbência bem concreta da parte de Deus: "Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniqüidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do Senhor por todos os seus pecados" (Is 40.1-2).

E no que diz respeito a nós mesmos, a pergunta é: Sou um servo ou uma serva que se empenha de todo o coração pelos interesses do reino de Deus? Será que ouviremos dEle as palavras: "Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor" (Mt 25.21)? (Burkhard Vetsch - http://www.aJesus.com.br)

Publicado anteriormente na revista Notícias de Israel, janeiro de 2000.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

CANAIS DE EDIFICAÇÃO, CANAIS DE BÊNÇÃO

Amado irmão, amado visitante, talvez você não saiba, mas além deste blog eu mantenho ainda alguns outros, e colaboro em outros mais. Em todos eles procuro publicar o melhor para edificar, exortar, informar e abençoar a sua vida. Blogs de temática variada, indo da poesia evangélica a missões, de notícias cristãs a estudos bíblicos, de e-books a denúncias, sempre buscando fechar lacunas no que se refere à plena informação e capacitação cristã, além de enfatizar principal: a evangelização.



VEJA ABAIXO UMA DESCRIÇÃO DOS BLOGS QUE MANTENHO, OU ONDE COLABORO, SEGUIDA DOS LINKS:



Poesia Evangélica

( http://www.poesiaevanglica.blogspot.com ) - Blog destinado a divulgar a poesia evangélica, seja ela antiga ou atual, de autores consagrados ou iniciantes. E ainda matérias, e-books poéticos e estudos sobre o tema.



Arsenal do Crente

(http://arsenaldocrente.blogspot.com ) – Estudos bíblicos, artigos , entrevistas e uma grande variedade de links relacionados. Um compacto 'arsenal' de conhecimentos para a informação e capacitação cristã.



Veredas Missionárias

(http://veredasmissionarias.blogspot.com) – Um blog de caráter evangélico interdenominacional, destinado a divulgar e incentivar a obra missionária da Igreja de Cristo. Reunimos aqui artigos, notícias, e-books, links e tudo o mais que for útil ao cumprimento da Grande Comissão.



Azul Caudal

(http://azulcaudal.blogspot.com. ) – Meu blog ‘pessoal’: Fotos, opiniões, textos, livros. Uma colagem de tudo de legal que encontro na internet, e fora dela. Um exercício de diário pessoal, uma zona livre para experimentos. Enfim, um pouco de mim, um pouco do que gosto, sempre voltado para as coisas do alto. Um blog menos sério, mais prolixo, relaxado, aéreo. Azul... Um lugar de descanso.



Equattoria

( http://equattoria.blogspot.com/ ) - Este blog reúne fotos e informações sobre países, povos e línguas, com o foco em Missões, além de links relacionados. É um blog que vem complementar ainda mais o trabalho do Veredas Missionárias, apresentando outras vertentes e recursos dos saberes necessários ao bom cumprimento da Grande Comissão.



Blogs onde colaboro:



Confeitaria Cristã

(http://confeitariacrista.blogspot.com ) – Este blog reúne postagens selecionadas de um time de blogueiros atuantes e influentes na blogosfera evangélica.

A proposta que fiz a cada um deles foi esta: que a cada semana, ou de 15 em 15 dias (sendo esse o prazo máximo, e o mínimo nunca inferior a 7 dias), eles inserissem aqui aquelas postagens que eles consideram as melhores postadas em seus próprios blogs, no período.

Sendo assim, a Confeitaria apresenta a seus visitantes um variado, porém seleto cardápio de informação e opinião. Temos tortas, biscoitos e salgados. A casa funciona 24 horas por dia.

Ah, sim, já ia me esquecendo: os boatos que você ouviu eram mesmo verdadeiros. Servimos o melhores cafés deste lado do Atlântico.

Bom apetite, boa leitura e volte sempre.



Letras Santas

( http://www.letrassantas.blogspot.com ) – O portal-blog da Literatura Evangélica. Uma reunião de textos edificantes, notícias, estudos, poemas, peças teatrais, e-books e links interessantes. Blog criado pelo amado escritor e incansável colaborador do Evangelho Naasom A. Souza, que já há vários anos realiza uma excelente obra na internet, seja com o Letras Santas, seja escrevendo, preparando e divulgando e-books. O LS já conta com mais de 200.000 acessos (Fev/2008).



Igreja Virtual

(http://www.igreja-virtual.blogspot.com ) – A igreja virtual está aberta! Aqui você poderá ler mensagens devocionais, artigos e estudos bíblicos, ouvir e/ou assistir sermões/pregações, música cristã, além de ficar por dentro do que acontece no mundo das religiões.

Capitaneada pelo abençoado Ricardo Miranda (do poderoso, mas infelizmente descontinuado Estandarte Books), o Igreja Virtual é um repositório de notícias e textos diversos, atuais e mesmo polêmicos, além dos melhores vídeos de interesse evangélico.



União de Blogueiros Evangélicos

(http://blogueirosevangelicos.blogspot.com ) – Blogando o Evangelho na net. A UBE é o blog/órgão que congrega centenas de blogs evangélicos associados. Comandada pelo competente Valmir Nascimento Milomem, tem impactado a blogosfera ao proporcionar uma maior união e interação entre os blogueiros cristãos.



Visite os blogs. Explore, divulgue, republique o que você achar importante.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Pomares caseiros

Pomares caseiros

Autor: José Carlos Vaz


A maioria dos imóveis residenciais urbanos possui um mínimo de área onde se poderia plantar pequenos pomares. Estas áreas ficam subutilizadas do ponto de vista da nutrição da população, e muitas vezes recebem uma impermeabilização pouco necessária. Fornecendo-se mudas de árvores frutíferas é possível estimular os cidadãos a produzir, em suas próprias casas, frutas para consumo de sua família.

PROGRAMA DE POMARES CASEIROS


Um programa de pomares caseiros pode ser um instrumento auxiliar de políticas de abastecimento que privilegiem o combate à desnutrição ou busquem reduzir os custos de alimentação da população. Deve-se manter claro que este programa é apenas um dos instrumentos da política de abastecimento, que não deve se resumir a ele, incorporando outras ações no campo da auto-produção (como hortas comunitárias) e da comercialização (como os sacolões volantes e a venda direta pelo produtor).

O programa pode distribuir mudas de uma ou mais espécies. A distribuição de mudas de uma única espécie simplifica os procedimentos, mas, por outro lado, pode ter sua abrangência e receptividade reduzidas. A distribuição de mudas de várias espécies tende a ser mais trabalhosa, mas permite uma ação mais abrangente. Pode ser realizada simultaneamente: a prefeitura oferece várias espécies de mudas e os interessados podem escolher aquelas que desejem. A distribuição pode ser também por etapas: a prefeitura trabalha com uma espécie por vez, trocando-a por outra periodicamente. Essa alternância pode ser complementada pela distribuição por regiões do município: é estabelecida uma seqüência de regiões da cidade a serem atendidas; ao se atender a última, reinicia-se a distribuição com uma nova espécie.

IMPLANTANDO

A elaboração do projeto deve ficar a cargo de uma equipe que contemple vários campos de atuação da prefeitura, uma vez que o programa normalmente exige integração dos setores responsáveis por abastecimento, arborização pública, parques e jardins, meio ambiente, educação ambiental e saúde.

A implantação de um programa de pomares caseiros tem como pontos centrais a escolha das áreas do município que serão beneficiadas e a seleção das espécies cujas mudas serão distribuídas.

A escolha das áreas do município a serem cobertas pelo programa de pomares caseiros deve ter como critérios mais importantes:

Perfil econômico e nutricional da população: vale a pena priorizar áreas mais carentes, procurando reforçar aspectos nutricionais que as carências materiais e os hábitos alimentares provoquem.

Custos de distribuição: dependendo do sistema de distribuição adotado, quanto maior a área coberta pelo programa, mais caro ser distribuir as mudas. Soluções criativas podem reduzir os custos de distribuição de forma significativa, através de parcerias com entidades da sociedade e empresas, além de parcerias internas à prefeitura.

Padrão de ocupação: áreas caracterizadas por predominância de lotes muito pequenos e completamente edificados tendem a ser menos interessantes para o programa, já que grande parte das famílias não terá como plantar árvores em seus lotes.

É aconselhável que a escolha das espécies leve em conta, além dos custos: os hábitos alimentares da região, a disponibilidade e capacidade de produção das mudas, a resistência e a facilidade de cultivo das árvores. A seleção pode considerar, também, a possibilidade de reduzir carências nutricionais geradas pelos hábitos alimentares. É ainda possível distribuir mudas de espécies diferentes (e, portanto, com características nutricionais também diferenciadas) de acordo com as necessidades das famílias ou aquelas preponderantes em uma determinada região. Esta possibilidade, no entanto, é bem mais trabalhosa.

É recomendável, durante a elaboração do projeto, analisar a possibilidade de estender o programa a entidades, especialmente escolas, igrejas e centros comunitários que atendam ou recebam a freqüência de crianças e população de baixa renda, desde que haja garantias de conservação das plantas. De qualquer forma, é desejável contar com a sua colaboração em pelo menos dois outros aspectos: essas entidades podem auxiliar a divulgar o programa e podem ser utilizadas como pontos de distribuição das mudas e orientação da população.

A implantação de um programa de pomares caseiros pode se realizar, também, junto com programas de educação ambiental, envolvendo crianças na conservação e manejo das mudas. Nesses casos, as escolas têm importância fundamental: os alunos podem receber na própria escola as mudas e o treinamento necessário para manejá-las.

O cadastramento de imóveis que receberam as mudas é útil para acompanhar o progresso do projeto, para fornecer acompanhamento no desenvolvimento das árvores e para permitir a avaliação de seu impacto. Apesar de ser uma atividade que exige algum esforço, tende a compensar, desde que se adotem procedimentos simples, de preferência informatizados, para cadastramento e acompanhamento.

O incentivo à formação de pomares caseiros é uma iniciativa de médio e longo prazo. Deve-se, portanto, garantir que as descontinuidades administrativas não prejudiquem o atendimento aos cidadãos envolvidos no programa.

Na avaliação do programa, deve-se considerar o longo prazo: não se pode exigir resultados imediatos. Para realizar avaliações nos meses iniciais do projeto, um dos critérios a ser utilizado pode ser a comparação entre o número de mudas distribuídas e o de mudas ainda em desenvolvimento, que mede o grau de interesse da população beneficiada.

RECURSOS

As mudas, se não forem cultivadas pela própria prefeitura, podem ser compradas, doadas por particulares, órgãos estaduais ou federais (jardins botânicos, hortos, etc.). A prefeitura pode desenvolver projetos de capacitação de pequenos agricultores locais para a produção de mudas para distribuição, desde que haja escala para tanto (o que significa que o projeto deve se estender por um período relativamente longo).

Os custos de obtenção de mudas (de compra ou de cultivo) variam de acordo com a espécie e a região, e devem ser um critério na hora de definir quais espécies serão distribuídas.

Na análise de custos do projeto, devem ser considerados também os relativos a outros recursos necessários, como materiais, equipamentos, veículos, pessoal, divulgação, etc.

Dependendo das condições, a prefeitura pode buscar patrocínio para a iniciativa junto a empresas locais. Esta alternativa, no entanto, não deve ser superestimada, uma vez que exigirá esforço para se tornar um projeto com retorno publicitário atraente para as empresas.

EXPERIÊNCIA

Em Belo Horizonte-MG (2.107 mil hab.), a prefeitura vem desenvolvendo, desde maio de 1994, o programa Pró-Pomar, que fornece mudas de árvores frutíferas para plantio em residências, escolas e espaços comunitários. O programa tem como objetivo estimular a formação de pomares caseiros, contribuindo para a complementação alimentar de famílias carentes e o aumento da cobertura vegetal da cidade.

O programa distribui mudas de acerola, laranja, limão, mexerica (compradas de produtores regionais), araçá , pitanga, cerejinha, goiaba (fornecidas pela Fundação Zoobotânica) e mamão (cultivadas pela prefeitura). O custo das mudas distribuídas, nos primeiros doze meses do programa, foi de menos de US$ 21 mil. Como critérios para escolha das espécies a serem distribuídas, levou-se em conta o porte (dimensões da copa, altura e largura), as preferências da população, as características nutricionais e de produção das árvores.

Os cidadãos que recebem as mudas também recebem 1 quilo de adubo e folhetos de orientação para o plantio. Os pomares escolares e comunitários têm seu plantio orientado diretamente por técnicos agrícolas da prefeitura, que retornam a cada quinzena para acompanhar o desenvolvimento das mudas. Para as residências, será implantado um sistema de visitas de acompanhamento por amostragem, baseado no cadastramento realizado na entrega das mudas, na próxima etapa do projeto.

As mudas são distribuídas em eventos promovidos pelas administrações regionais. Além destas e da Secretaria de Abastecimento, responsável pela execução do programa, participam também a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) e a Fundação Zoobotânica.

RESULTADOS

Um programa de pomares caseiros traz resultados diretos para a qualidade de vida dos cidadãos beneficiados, oferecendo-lhes a oportunidade de produzir frutas em sua própria casa. Ainda que a iniciativa não seja capaz de, sozinha, eliminar problemas de desnutrição, com certeza é capaz de auxiliar na complementação alimentar e no incentivo ao consumo de frutas.

O custo deste tipo de iniciativa é relativamente baixo, face aos benefícios produzidos. No caso de Belo Horizonte, no primeiro ano de funcionamento, o programa distribuiu quase 12 mil mudas, beneficiando diretamente mais de 11 mil famílias, além de alunos de escolas municipais e freqüentadores de espaços comunitários. Os resultados do programa são obtidos a médio prazo, em períodos superiores a dezoito meses. Entre o plantio e a produção dos primeiros frutos, é preciso realizar ações de reforço junto à população, para garantir a conservação das plantas.

Além dos benefícios do ponto de vista nutricional, a implantação de pomares caseiros e comunitários também traz resultados positivos em termos da arborização, aumentando a cobertura vegetal da área urbana.

Dependendo do formato que se estabeleça para o programa, este pode trazer também resultados políticos, ao favorecer ações conjuntas entre governo e entidades da sociedade, que podem participar da implantação das ações. Também contribui para mudanças na cultura política, com a utilização de um sistema de distribuição das mudas que beneficie indistintamente os cidadãos. Em Belo Horizonte, as principais dificuldades encontradas pelo programa são exatamente as que dizem respeito à permanência de uma postura viciada da população, com muitas pessoas querendo receber mais de uma muda, tomar o lugar de outras na ordem de distribuição ou levar mudas para sítios fora do município.


* Publicado originalmente como DICAS nº 39 em 1995

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Testemunho do Pr. José Barbosa de Sena Neto – ex-padre

Meu Testemunho no Senhor

Pr. José Barbosa de Sena Neto

pastorbarbosaneto@yahoo.com.br

Antes de relatar minha experiência com o Senhor Jesus, retrocedo no tempo, até o ano de 1941. Dois jovens, cheios de sonhos e de planos para o futuro, encontram-se e vivem uma linda história de amor, culminando com a realização de seus objetivos. Ele era um rapaz pobre e de cultura modesta, com 31 anos de idade. A jovem tinha 26 anos e abrigava em seu coração um mar de sonhos, como é próprio da mocidade, em todas as épocas.

O romantismo envolveu totalmente aquele casal, e na bela tarde de 27/03/1943, o rapaz e a moça tornaram-se marido e mulher, concretizando sua linda história de amor.

Esses dois jovens viriam a ser meus pais. Meu pai, Francisco Barbosa de Sena, tinha 33 anos de idade (13/06/1910) e minha mãe, Ernestina Barbosa de Sena, tinha 28 anos (14/05/1915). O casal foi residir à Rua Solon Pinheiro, 383, praticamente no centro de Fortaleza (Ceará), e quase nos fundos do Convento dos Frades Capuchinhos.

Após 11 meses de casamento minha mãe deu à luz uma filha que deveria chamar-se Maria do Socorro, a qual veio a falecer, poucas horas depois de nascida. A gravidez e o parto de minha mãe haviam sido muito complicados. Minha irmãzinha nasceu de fórceps e o trágico resultado do seu nascimento abalou muito a meus queridos pais.

Novamente minha mãe engravidou, ficando sob intensos cuidados médicos. Vim ao mundo de parto cesariano e para sobreviver tive de ficar numa incubadora, durante algum tempo. Quantos momentos de aflição meus pais passaram! Nasci muito raquítico, precisando de bastante agasalho para envolver-me confortavelmente nos braços de meus pais. Antes do meu nascimento minha mãe fora avisada de que seria eu o seu único filho e que ela não deveria fazer outra tentativa de engravidar, pois isso lhe traria sérios riscos de vida. Muito triste, ela optou pela ligação das trompas. Deus fez de mim um milagre.

Da minha concepção, do nascimento e até os dias de hoje Ele tem provado continuamente ser o meu grande Deus e Salvador. Nasci no dia 31/12/46, às 03h25m da manhã. Houve um misto de festa e preocupação, uma vez que meus pais não tinham certeza se eu iria sobreviver.

Nessa expectativa, reunidos alguns parentes e amigos, fui levado, 9 dias depois de nascido, para ser batizado na paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio. Minha mãe não pôde comparecer, pois ainda se encontrava hospitalizada. Meu pai reuniu o casal, Ernesto Gabriel e Helena Mendes Barroso, que foram meus padrinhos. Quem oficiou o batizado foi o Padre José Afonso Ponte, no dia 09/01/47, quando recebi o nome de José.

Não houve festa. Havia apenas uma leve esperança de que eu sobrevivesse. Mais tarde, quando já era um adolescente, fiquei sabendo que minha mãe havia feito um voto a Deus de que se eu sobrevivesse, ela me consagraria inteiramente a Ele para que fizesse de mim uma pessoa segundo o desejo do seu coração. Sobrevivi, pela imensa graça e misericórdia de Deus, e aqui estou para contar a minha história!

Com quase dois anos fui crismado na provisória Catedral de Fortaleza – Igreja do Pequeno Grande – pelo arcebispo de Fortaleza, D. Antônio de Almeida Lustosa já falecido, que era amigo íntimo de nossa família.

Recebi a “Primeira Comunhão”, com sete anos de idade, das mãos do Frade Carlos Maria de Araripe, na manhã festiva de 03/10/1953, véspera do Dia de São Francisco de Assis, como parte dos festejos daquela solenidade franciscana, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, administrada pelos frades capuchinhos.

Foi um dia de festa para meus pais. Seus olhos estavam marejados de lágrimas de felicidade ao ver-me no meio de quase cem crianças, filhos de pais freqüentadores daquele tradicional santuário católico.

Cresci ali, na Rua Solon Pinheiro, 383, cercado de amiguinhos, e éramos como é natural às crianças, muito ‘arteiros’. Nesse tempo as crianças ainda ostentavam a pureza de sua vida infantil e se alegravam com brinquedos simples, extasiando-se com os folguedos das ‘canções de roda’.

Bons tempos aqueles! Nos festejos de maio, junho e outubro, todas as crianças daquela redondeza compareciam em massa às solenidades litúrgicas.

O irmão leigo, Frei José Maria de Manaus, já falecido saiu de casa em casa buscando autorização dos pais para que seus filhos comparecessem às aulas de formação de novos acólitos, as quais ele mesmo iria ministrar. Então, candidatei-me rapidamente ao curso. Naquele tempo ser convidado para a função de acólito era um grande privilégio entre as famílias de alto conceito paroquial. E lá se foi o garoto José Barbosa, muito compenetrado, participar das aulas de Latim, decorando sofregamente as respostas que deveriam ser dadas na ponta da língua, durante a celebração de cada missa.

Eu e meu amigo – Alfredo – destacamo-nos consideravelmente nessa função, tanto que o Padre Superior, Frei Conrado Maria de Palmácia, sempre nos convocava em ocasiões de solenidades mais litúrgicas. Isso, porque sabíamos de cor todas as respostas, todos os gestos litúrgicos e todas as posições no altar.

Quando os alunos do “Seminário N.Sra. do Brasil” – mais conhecido como “Seminário Seráfico de Messejana” – vinham cantar nas solenidades mais expressivas, meus olhos ficavam atentos a todos os gestos que aqueles ‘fradinhos’ faziam e, a partir daí, nasceu em meu coração o desejo de me tornar um deles. Em 1959, com 13 anos de idade, entrei naquela Casa de Messejana, onde recebi o onomástico de Frei Zacarias Maria de Fortaleza.

Em minha casa paterna, a vida era muito dura. Meu pai era funcionário público municipal e minha mãe, estadual. Lutavam com muita dificuldade para manter a casa e suprir todas as minhas necessidades básicas e escolares. Meu pai sonhava ver-me enfileirado na Polícia Militar do Ceará, tornando-me, posteriormente, um dos seus oficiais.

Contudo, nada disso aconteceu. Com a minha decisão de entrar no Seminário todos os seus planos foram modificados. Mesmo assim, apoiaram de boa vontade minha vocação sacerdotal. Sobretudo para minha mãe foi uma grande alegria, quando se lembrou do voto que fizera a Deus, na época do meu nascimento.

Minha vocação para o sacerdócio brotou naturalmente, como água cristalina jorrando duma fonte. Sentia profunda necessidade de comunhão com Deus. Tanto que havia considerado uma grande honra ter sido convidado para a função de acólito.

Todos os domingos e dias de festa eu vestia o traje próprio dos acólitos – batininha e sobrepeliz – e com todo o garbo que a solenidade exigia, respondia ao sacerdote, segundo o formulário decorado em Latim. Mudava o missal e servia as galhetas de água e vinho para o chamado “Sacrifício da Santa Missa”, que eu considerava o mais sublime e sagrado do mundo.

Sem saber ainda o que fazia, freqüentemente recorria ao Senhor em meus problemas. Escondia-me na capela do seminário, ou em seus vastos corredores, e ‘rezava’ a Deus e aos ‘santos’ em minha devoção, principalmente a São Francisco, patrono da Ordem que eu abraçara, suplicando a todos eles que olhassem para mim e me atendessem. Não sabia discernir a posição dos ‘santos’ no céu, e tratava-os como se eles pudessem conhecer o que se passava comigo. Recordo-me de que tinha grande confiança e devoção a Santo Antônio de Pádua e na minha simplicidade e ignorância de criança e adolescente pedia-lhe auxílio dezenas de vezes rezando de cor o “Responso”, aprendido no regaço de minha mãe: “Se milagres desejais, recorrei a Santo Antônio...” (Leia I Timóteo 2.5; João 14.6,13,14).

A verdade é que em certos momentos eu até sentia a presença de Deus inundar-me a alma. Era ponderado nas conversas, obedecendo sempre à risca o voto de silêncio imposto pela Regra da Ordem, em diversos momentos do dia. Acostumei-me aos lugares silenciosos e ao silêncio tumular do claustro, que me falavam mais de Deus do que o convívio com as pessoas. Emocionava-me com a história dos pastorinhos de Fátima e desejava ser tão bom como eles, para merecer também uma aparição de Maria.

Nesse tempo eu acreditava plenamente, sem qualquer sombra de dúvida, que ela se manifestava, por ter sido escolhida para ser a mãe de Jesus. Mas, ao mesmo tempo, sentia-me indigno e pecador. Tal sentimento de culpa muitas vezes me roubava a paz interior. Quando cometia faltas ou desobedecia aos meus superiores, sentia-me um grande pecador e mergulhava em profunda angústia e depressão espiritual.

Após concluir o ginásio e o clássico, chamado período propedêutico, ingressei no noviciado dos Padres Capuchinhos, no convento da Serra de Guaramiranga. O regulamento, nessa época, era excessivamente austero. O noviciado é um ano de profundo recolhimento. Não era permitido falar com pessoa alguma dentro de casa, a não ser o estritamente necessário, pois era um período de vida inteiramente contemplativa.

No primeiro dia despertei com o bater do sino à porta de cada cela (quarto onde dormem os noviços), enquanto as palavras “Laudetur Jesus Christus” iam repercutindo de boca em boca, culminando com o “Deo Gratias”, em coro uníssono e solene.

Eram quatro horas da manhã, período de verão, em que acontecem as chuvas chamadas de “inverno” nordestino, quando as madrugadas são frias. Depois se ouvia novamente o toque do sino, indicando que todos deveriam levantar-se e beijar o chão. Vestia-se o único hábito (batina) e seguia-se em silêncio profundo até à sala do “capítulo”, onde se reunia a comunidade religiosa.

Depois das horas canônicas em coro, havia meditação sobre a vida de Jesus ou de algum “santo” do dia. O Padre Superior e o Mestre dos Noviços sentavam-se e todos nós, sem exceção, ficávamos postados em duas fileiras. Então nos ajoelhávamos na presença dessas autoridades, beijávamos o chão, duas vezes seguidas, e depois beijávamos a parte superior de seus pés, devendo confessar pelo menos três pecados. A cerimônia terminava com estas palavras: “Peço perdão a Deus e a V. Reverendíssima, penitência”.

O noviço que quebrasse algum objeto na cozinha, quando lá estivesse trabalhando em profundo silêncio, era obrigado pela Regra a amarrar os cacos desse objeto num cordão, dependurando-os no pescoço e indo até à sala do “capítulo”, onde muitas vezes tinha de beijar os pés dos outros, culminando por beijar o chão duas vezes, e na terceira, beijar o pé direito do Padre Superior e do Mestre dos Noviços dizendo: “peço perdão por ter quebrado o irmão prato (ou outro objeto) e solicito penitência”.

Essa penitência muitas vezes se constituía em se ficar de joelhos, até decorar determinados capítulos da “Imitação de Cristo” de Tomás de Kempis. Às sete horas da manhã assistíamos a “Santa Missa”. Depois da missa havia os ‘laudes’, e o café da manhã, após o que, dependendo da escala de serviço, cada um voltava à sua cela (ou quarto), em profundo silêncio. Isso acontecia inexoravelmente durante os 365 dias do ano. Muitos seminaristas desistiam da vocação, nesse período de duras provas.

Quando se entra no convento da Ordem Capuchinha tem-se de entregar exatamente tudo: os pertences pessoais, todos os documentos, trocando-se de nome e desistindo da própria personalidade. Daí em diante o ‘fradinho’ age como autômato. Não tem vontade própria, nem lhe é permitido o direito de exprimir seus pensamentos. Sobre emoção de alegria e tristeza nem se cogita. Para que haja um controle total, fazem-se votos ‘simples’, no princípio do noviciado, e ‘perpétuos’ ou ‘solenes’, no final do mesmo.

Esses votos abrangem pobreza, castidade e obediência. Para se conservarem intactos os usos e costumes introduzidos pelo fundador da Ordem, havia a leitura e o estudo das “Regras”, em geral, antes do almoço. Durante as refeições, nada de conversa, não se podia falar uns com os outros. Nas sextas-feiras praticava-se jejum absoluto e também abstinência de carne.

Antes do final do noviciado, fiquei doente. A comida era insuficiente e eu sentia muita fome. Havia exercícios obrigatórios de mortificação: percorrer de joelhos as catorze estações da “Via Sacra”, rezar os terços do Rosário e pedir penitências públicas ao Mestre dos Noviços.

Com isso adquiri calosidade nos joelhos. As torturas corporais com azorrague, especialmente preparado para este fim, faziam parte da “emenda espiritual”, em cada primeira sexta feira do mês, às três horas da tarde.

Se queríamos ganhar o céu, tínhamos de batalhar para isso! Os méritos de boas obras, indulgências e sacrifícios, unidos aos super abundantes méritos de Maria e dos “santos”, talvez algum dia pudessem nos ajudar a sair mais depressa do fantasioso purgatório! (Leia João 3.16-21; 5.24; Efésios 2.8,9; Atos 4.12).

Ninguém tinha certeza se iria ou não para o céu. Todos nós, coitados, ignorávamos completamente a doutrina da certeza da salvação em Cristo Jesus. Quanto a mim, desconhecia totalmente as palavras de Santo Agostinho: “Não vos iludais meus irmãos, porque na vida além túmulo não há senão dois lugares; não há um terceiro. Aquele que não for admitido no Reino do Senhor perecerá irremediavelmente com o diabo” (Sermão 232).

Concluído o noviciado, fui enviado a Parnaíba (Piauí), para iniciar os cursos de Filosofia (3 anos) e de Teologia (4 anos). Os quatro últimos anos foram os mais difíceis, tempos de muita dureza. Como teologandos, começamos a nos familiarizar com a Teologia Moral Fundamental, Teologia Dogmática (Sistemática), Introdução ao Novo Testamento, Teologia do Velho e do Novo Testamento, Salmos, Evangelhos, Epístolas Paulinas e Epístolas Gerais, Hermenêutica, Exegese, Grego e Hebraico.

Também estudamos História da Igreja Cristã, História Eclesiástica, Mariologia, Administração Eclesiástica, Música e disciplinas afins. Nessa fase final havia intensa preparação e ensaios, antes da recepção de qualquer Ordem Menor ou Maior. Após esses quatro anos, o candidato deveria dar o seu assentimento e receber aprovação eclesiástica. Seguia-se, depois, a etapa final, propriamente dita.

Dos 28 que éramos, no primeiro ano do Seminário, restaram apenas quatro. Os demais se tinham debandado ao longo do caminho. Nesse momento eu pensava mais do que nunca na possibilidade de fazer o mesmo, porém receava que, “tendo posto a mão no arado, se olhasse para trás, não me tornaria apto para o reino de Deus”, segundo as palavras de Jesus, em Lucas 9.62, e que essa atitude me levasse à condenação perpétua. E foi por isso que cheguei à etapa final. O tempo passou veloz no último ano e chegou o dia da tão sonhada ordenação.

Não posso me esquecer: Dia 11/12/1971, dez horas da manhã. A Igreja do Senhor Bom Jesus do Livramento, em Santo André, SP, revestiu-se de gala, pois todos queriam presenciar a solenidade da Ordenação Sacerdotal.

À hora marcada, Dom Victor de Tarso Sanchez Pupo, já falecido, então precedido de seminaristas e padres, deu entrada na nave principal do santuário, com vestes pontificais, e sentou-se na ‘Sede Gestatória’, ao lado do altar mor.

Os candidatos entraram em fila. De ‘alva’ e ‘estola’ cruzada ao peito, eis o momento da prostração total no chão. As cerimônias se arrastaram durante horas. Seu simbolismo, não podemos negar, foi deveras emocionante. A prostração durante as ladainhas, a vestimenta dos paramentos, a unção das mãos, a imposição das mãos pelo Bispo ordenante, a concessão do poder para celebrar missas e receber confissões, a entrega do ‘cálice’ e da ‘patena’, tudo enfim era de uma teatralidade fantástica!

No final houve o beija a mão dos neo-sacerdotes por toda a assistência. Meus pais mal cabiam em si, tão tremenda era a alegria que sentiam naquele momento. Eu relutava em receber aquela honraria, pois continuava me sentindo o mesmo homem de sempre... Um pecador necessitado do perdão de Deus...

Depois de ordenado e após celebrar minha “Primeira Missa”,fui transferido para o Rio de Janeiro e, logo em seguida, para o interior de São Paulo – Taubaté.

Exerci as funções de pároco em várias cidades do interior de São Paulo: Bauru, Santo André, São Caetano do Sul e capital do estado. Fui capelão de um convento de freiras e lá recebi as confissões de muitas almas desanimadas em sua vocação religiosa e espiritualmente deprimidas.

A muitos padres também confessei, alguns deles decepcionados com a vocação abraçada, outros envolvidos no homossexualismo, prática tremendamente abominável aos olhos do Senhor. Esses pobres coitados não tinham forças para abandonar esse tremendo desvio de personalidade e de comportamento moral.

Um caso de confissão, neste aspecto, deixou-me profundamente chocado. Jamais poderia imaginar que aquele padre, tido como galã e de tipo atlético, estivesse ‘seduzindo rapazinhos’ das melhores famílias daquela cidade...

A Igreja, como sempre, sabia disso, mas fingia que nada de grave estava acontecendo. Ela sempre esconde os fatos ou os nega, camuflando-os sob o manto do poder sobrenatural do chamado “Sacramento da Ordem”, considerado pela hierarquia romana como maior do que o homem e seus problemas de desvios morais.

Durante muitos anos tive oportunidade de ouvir, por trás do confessionário, um rol de absurdos cometidos pelas de ‘beatas’ que, sob o manto de fingida santidade, traíam os noivos ou maridos; também de maridos que traíam suas esposas com outras mulheres, e até mesmo com outros homens, os quais se “satisfaziam” aplacando suas consciências aos pés de um padre, em geral tão ou mais pecador do que eles. (Leia 1 João 1.9).

Também reconheci os perigos daí provenientes para muitas almas, inclusive a do confessor. Satanás aproveita essas ocasiões para seduzir o confessor, sob o sutil disfarce do chamado ‘sigilo sacramental’, no sentido de descobrir a vida particular dos menos avisados, indo em busca de suas pegadas, procurando o mesmo pecado e o mesmo pecador.

Agora sei que o poder de perdoar pecados jamais deveria ter sido delegado aos padres. A verdadeira confissão deve ser feita a Deus, numa relação íntima e real da alma com o Senhor, sem intermediários humanos (I João 2:1,2). Quando estou arrependido, Deus perdoa TODOS os meus pecados. Hoje reconheço como único “Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus Homem (1 Timóteo 2.5).

Depois que descobri esta verdade na Palavra de Deus, tão meridianamente clara neste assunto, perdi completamente a vontade de me confessar e de ouvir confissões das pessoas. Somente quando era coagido pelas circunstâncias, mormente por ocasião dos retiros obrigatórios do clero, anualmente, eu me confessava a um confrade, tendo, contudo, o cuidado de escolher alguém que eu sabia não ter desvio de comportamento moral. Fazia isso apenas para evitar críticas humanas, visto como a minha alma já não sentia necessidade alguma de tal prática.

Aos 29 anos de idade pensei em abandonar o sacerdócio e, como conhecia alguns pastores nessa época, lutei bastante a fim de conseguir fazer um curso teológico, no que fui desencorajado, pois um seminário evangélico jamais aceitaria um padre como aluno, por tratar-se de uma escola confessional.

Contudo, não desanimei, lutei e consegui o meu intento. A princípio freqüentei as aulas como ‘ouvinte’ e mais tarde, em razão do meu “bom comportamento”, e depois de ter assinado um termo de compromisso para não me envolver contra “posições teológicas”, tornei-me aluno do “curso regular” e depois de cinco anos recebi o diploma de Bacharel em Teologia. Era esta a minha garantia para abandonar o sacerdócio. Contudo, Deus não me permitiu atingir esse propósito, visto como minhas intenções não eram tão puras.

Certamente, com a profunda consciência que hoje tenho, ainda não estava preparado; faltava-me a legítima conversão. Como poderia um homem sem qualquer experiência genuína com o Senhor exercer o sagrado ministério da Palavra, enquanto levava uma vida indigna, mergulhada num terrível lodaçal de pecados?

Enganei muita gente, em vários círculos e denominações evangélicas. Um pastor batista até hoje não me perdoa dada as atitudes de minha vida pregressa! Aqui fica um alerta para que as denominações evangélicas sejam mais cuidadosas no que diz respeito à 1 Timóteo 5:22: A ninguém imponhas precipitadamente as mãos. Não te tornes cúmplice de pecados de outrem. Conserva-te a ti mesmo puro”. A verdade é que eu estava brincando com Deus e com as coisas sagradas do meu Senhor, sem perceber quão horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hebreus 10.31).

Ingressei no assim chamado “Movimento de Renovação Carismática Católica” e, desde então, Deus começou a trabalhar ativamente em minha vida espiritual. Fiquei maravilhado e entusiasmado, quando comecei a ler e estudar com profundidade as Sagradas Escrituras, tornando-me uma espécie de ‘rato de livrarias e bibliotecas’, fazendo pesquisas para melhor conhecer a verdade cristalina do Evangelho e a verdadeira História da Igreja Cristã.

Queria descobrir como havia a Igreja Cristã se embaralhado nas “religiões de mistérios” do paganismo, as quais empanaram o brilho do sangue dos mártires com costumes e práticas diabólicas, que foram introduzidos na Igreja a partir da chamada “conversão” do Imperador Romano Constantino (312 d.C.). Este era filho de Constâncio I e de sua concubina Helena, nascido em Naisso hoje Mis a 26/02, entre 280 e 288 d.C. e falecido em Ancirona, perto de Nicomédia, a 22/05/337 d.C.

A partir do I Concílio de Nicéia (325 d.C.), convocado por Constantino, foi permitido que o paganismo fosse tolerado no seio da Igreja Cristã, quando pagãos não convertidos passaram a fazer parte da mesma, e em muitas ocasiões tinham permissão de continuar com muitos dos seus ritos e costumes pagãos. Isso era feito com algumas reservas, no sentido de tornar suas crenças mais semelhantes à doutrina cristã.

Infelizmente, alguns líderes da Igreja Cristã daquela época, totalmente comprometidos com a ganância do poder, como Eusébio, bispo de Cesaréia, viram que, se pudessem estabelecer alguma semelhança entre o Cristianismo e o paganismo aumentariam consideravelmente o número de fiéis. Exemplo disso foi a introdução do culto à Mãe-Divina ou Deusa-Mãe (Semíramis com seu filho Tamuz nos braços). Voltarei a este assunto mais detalhadamente, citando fontes confiáveis, na segunda parte deste trabalho.

Com a morte de meu pai, fui obrigado a solicitar transferência para cuidar de minha mãe, que já estava idosa e fisicamente debilitada. Nesse ínterim, muita coisa absurda aconteceu em minha vida (Efésios 4.17-32). Depois de um ano e meio consegui transferência, não para Fortaleza, Ceará, onde minha mãe residia, mas para o interior do estado, de onde, sempre que possível, vinha ter com ela.

O certo é que o “Movimento Carismático Católico” foi fundamental para o meu confronto com a verdade cristalina do Evangelho. A Bíblia Sagrada começou a se tornar clara e transparente para mim. Ao descobrir o plano de Deus efetuado na cruz do calvário, o ato de celebrar missas, de confessar os paroquianos, de rezar pelos defuntos e de prestar culto aos ‘santos’, que era obrigado a fazer, tornaram-se um peso para mim.

Contudo, o receio de abandonar a Igreja e aceitar Jesus como meu único e suficiente Salvador me dominava. Deixar as asas protetoras da Igreja mãe me desencorajava. Não é nada fácil assumir essa atitude, em razão das tremendas dificuldades pelas quais passam os ex-padres para ganhar honestamente o sustento.

Os líderes romanistas fazem o máximo que podem para os coagir a voltar ao seio da Igreja, através da fome, do desprezo dos amigos e, até mesmo, dos próprios familiares, que passam a julgá-los como “renegados”, por terem deixado de cumprir os juramentos feitos.

Na verdade o padre que deseja aceitar Jesus Cristo como Salvador necessita de muita coragem para enfrentar, de peito aberto, os problemas que o aguardam. Para tanto ele precisa estar em total dependência da vontade de Deus, a fim de se proteger contra o ódio e a perseguição daqueles por quem outrora fora amado e respeitado.

Dificilmente um ex-padre consegue emprego decente na área privada porque as melhores empresas dependem do capital dos líderes católicos, que nelas investem altos capitais. Quando dão guarida a um “excomungado” são ameaçados de perder essa parceria.

Por outro lado, a Igreja prepara os padres exclusivamente para o seu próprio serviço e não para viver na sociedade. Os cursos de instrução feitos nos seminários de nada servem na vida secular. Os bispos católicos adotam esse método exatamente para que os padres não possam ter os seus diplomas reconhecidos, ficando sem segurança alguma para exercer outra profissão. Muitos padres, quando se decidem por Jesus, já estão na meia idade, quando tudo se torna mais difícil, principalmente nos dias penosos que o nosso país está atravessando.

O padre que descobre a verdade e que esteve enganado e errado ao longo de sua vida, e que Jesus é a única realidade, tendo consciência de que precisa abandonar suas práticas idólatras e pagãs até então exercidas, assusta-se com as dificuldades da mudança de vida, necessitando, portanto, de orações e total apoio da parte dos irmãos evangélicos.

Os sacerdotes católicos são vítimas do sistema romano e precisam de muito apoio, quando decidem largar o sacerdócio. Muitos desses padres mesmo depois de descobrir a Verdade, com uma pálida experiência no Senhor e sem coragem suficiente, caem no indiferentismo, passando a exercer o seu ministério sacerdotal hipocritamente, ensinando doutrinas nas quais já não acreditam, celebrando missas sem valor algum.

Fazem isso com medo da fome e do desprezo que os esperam. Mas os corajosos e verdadeiramente convertidos, lavados (1 Coríntios 6.11) e remidos (1 João 1.7; Apocalipse 1.5b) pelo sangue precioso do Senhor Jesus, derramado na cruz do calvário, tendo já os seus nomes inscritos no Livro da Vida (Filipenses 4.3), renunciam a todo o conforto material e a todas as vantagens outrora usufruídas, e passam a viver na total dependência do Senhor, colocando-se, desse modo, no centro da vontade de Deus. Nosso Deus é Todo-Poderoso e nunca falho. Ele sempre cumpre à risca todas as suas gloriosas promessas. Confiando nisso os padres corajosos que abandonam o seio da “Santa Madre Igreja” são amplamente recompensados pela alegria da salvação. Louvado seja o nome do Senhor! Aleluia!

Se fosse necessário passar por todos os sofrimentos que já encarei e pelo que ainda terei de passar, declaro, em nome de Jesus, que escolheria mais uma vez seguir os passos do meu querido Salvador e Senhor da minha vida. Como é bom seguir a Jesus! Como é contagiante a alegria Nele! Como é grandioso louvá-Lo e adorá-Lo “em espírito em verdade” (João 4.24) e não através de cultos idolátricos!

Jesus tem sido bom demais para mim, desde o primeiro instante em que me refugiei em seus braços amorosos. Ele me libertou da opressão do diabo, devolveu-me a alegria de viver. Devolveu-me as lágrimas que havia há muito sido reprimidas, deu-me um novo sorriso e uma vontade insopitável de sair proclamando em alta voz que SÓ JESUS CRISTO SALVA!

Só Ele nos purifica de todo pecado. Ele cura todas as nossas enfermidades físicas e espirituais. Ele quebra as cadeias das maldições satânicas. Ele nos enche com o Espírito Santo, revestindo-nos com o seu poder, dando-nos ousadia na Palavra, capacitando-nos a guerrear contra todas as hostes e obras das trevas.

Este é o Jesus que desejo conservar em adoração no mais íntimo do meu ser, proclamando-O como o meu grande Deus e Salvador. Aleluia! Mas, acima de tudo, sou crente em Jesus, lavado e comprado pelo Seu sangue, com uma convicção inabalável de que meu nome já foi confirmado no Livro da Vida do Cordeiro, estando aguardando a cada dia a volta gloriosa do Senhor Jesus!

Quando reconheci o verdadeiro estado pecaminoso em que me encontrava, considerei-me indigno de cuidar da salvação das almas, quando eu mesmo ainda não estava salvo. Havia confiado demasiadamente em mim, no pedestal do meu orgulho pessoal, do meu conhecimento intelectual.

Antes de conhecer Jesus eu era desumano, vivia mentindo, mergulhado nos pecados mais crassos que se possam imaginar... Era um “hipócrita de plantão”, sem intimidade alguma com Deus, um cego guiando outros cegos, oferecendo o perdão que só Deus pode conceder.

Foi então que o Senhor Deus teve misericórdia de mim, um leproso espiritual, e me estendeu a sua mão, tocando-me sobrenaturalmente (Marcos 1.41). Jesus me acolheu com carinho, teve paciência comigo, antes mesmo de minha conversão (Romanos 5.8). Aproximei-me dele com fé e humildade, confiei em seu poder, sentindo a necessidade de ser lavado em seu precioso sangue.

O Seu amor e a Sua graça inundaram-me completamente e pude então experimentar, com profundidade, o significado da salvação em Cristo Jesus, a qual foi obtida, não por causa de minhas obras, mas porque “o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de TODO pecado”(I João 1.7b). Não importa qual tenha sido o meu passado, Deus realizou uma grande obra de restauração em mim, transformando-me em “nova criatura” (2 Coríntios 5.17). Aleluia!

Nada mais devo, exceto o amor, pois Jesus já perdoou todas as minhas transgressões, tendo cancelado o escrito de dívida que era contra mim... removeu-o inteiramente e encravando (meus inomináveis pecados) na cruz”. E desses pecados ele jamais se lembrará (Colossenses 2.14; Hebreus 10.17). Satanás certamente vai continuar enviando os seus emissários para, com o dedo em riste, apontar os meus erros do passado, dizendo: “conheço as obras deste homem”! Ele tem-se levantado ferozmente para acusar-me; contudo sei que já está derrotado, pois “o sangue de Jesus... nos purifica de TODO pecado”. Aleluia!

Quando nos arrependemos de nossos pecados, Ele sempre nos perdoa. Arrepender-se é reconhecer a maneira errada em que temos vivido, abandonando o procedimento egoísta independente, reconhecendo que o nosso comportamento magoou Jesus profundamente, e que nossos pecados foram a causa de sua morte na Cruz do Calvário.

A Palavra de Deus diz que devemos crer em Jesus para obter a salvação. Devemos reconhecer a nossa incapacidade de expiar nossos próprios pecados e confiar unicamente na expiação efetuada por Cristo, na cruz, “de uma vez para sempre”! (Hebreus 10.10-18).

Ter fé em Jesus é aceitá-lo, render-se e apegar-se a Ele, passando a depender única e exclusivamente Dele e a Ele se entregando confiadamente, na certeza de que Ele nos salva (João 6.37,40). Quando o recebemos como Salvador e Senhor, Ele entra em nossa vida. Quando O aceitamos e cremos no Seu evangelho Ele nos salva e coloca um novo cântico em nossa boca. Se confessarmos Jesus diante dos homens Ele nos confessará diante do Pai (Lucas 12.8,9).

Só a Palavra de Deus vivenciada nos dá plena certeza de salvação. Leiamos Romanos 10.9,10 que diz o seguinte: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação”. A Palavra de Deus nos garante isso quando afirma que “...os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Romanos 11.29).

Depois de me entregar a Jesus Cristo e me dedicar à leitura e ao estudo constante de sua Palavra, meu coração foi transformado de tal maneira que só tenho vontade de praticar a sua vontade, de fazer o que lhe é agradável. Tendo me tornado nova criatura em Cristo, (2 Coríntios 5.17), na medida em que sua palavra foi me penetrando o íntimo, pude descobrir que, realmente, “os seus mandamentos não são penosos” (1 João 5.3c).

Quem lê e pesquisa humildemente a Palavra de Deus entra em tal estado de espiritualidade que passa a enxergar todas as coisas pela ótica divina e, portanto, sente prazer em executar a vontade Deus e, desse modo, vive em completa harmonia com Deus, com o mundo ao redor e consigo mesmo.

A leitura da Bíblia é a única maneira de chegarmos a Deus, confiadamente, sem nos deixarmos envolver com doutrinas estranhas, que têm surgido em todos os tempos, para minimizar a obra redentora do Senhor Jesus Cristo.

Caro amigo leitor, se o meu testemunho tocou o seu coração e você compreendeu a necessidade de ser salvo de todos os seus pecados através da fé no Senhor Jesus Cristo, confesse a Ele os seus pecados ocultos, do mesmo modo como também confessei um dia todas as minhas transgressões. Vá até Ele, agora mesmo, com o coração quebrantado, confiando inteiramente no que Ele declarou: Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim de modo nenhum o lançarei fora (João 6.37).

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A máscara das “aparições” de Fátima caiu

* Pr. José Barbosa de Sena Neto

pastorbarbosaneto@yahoo.com.br

De 1917 a 1930 – durante 13 anos – a Igreja Romana não acreditou nas “aparições” de Fátima, pois, até hoje, essas “aparições” não fazem parte do núcleo da Fé Católica, que quer dizer que o católico romano pode deixar de acreditar nisso, e continuar a ser católico romano, sem problema nenhum. E podia ter-se apressado a reconhecê-las, porque, até então, eram já muitos os milhares de pessoas que ocorriam a Fátima, entre 13 de maio a 13 de outubro, de cada ano. Um reconhecimento oficial a que não terá sido alheio ao fato de ter saído vitorioso o golpe militar de 28 de maio de 1926, o qual institucionalizou a nova ditadura de Antônio Oliveira Salazar. O novo regime, obscurantista católico, saído deste golpe militar e presidido pela dupla Salazar-cardeal Antônio Cerejeiras, carecia de uma coisa assim, para mais facilmente se implantar nas populações.

A “senhora” de Fátima, com a mensagem retrógrada, moralista e subserviente que lhe é atribuída e que, ainda hoje, vai tão ao encontro da generalidade dos altos funcionários católicos dos Vaticano e do paganismo religioso-católico das massas populares, vinham mesma a encaixar-se... Vai daí, em lugar de continuar a hostilizar as “aparições”, a hierarquia maior da Igreja Romana, em 1930, mudou radicalmente de estratégia e reconheceu as “aparições” de Fátima como fenômeno sobrenatural! Terá percebido nessa altura que, se não adiasse mais esse reconhecimento, os lucros seriam enormes, como, efetivamente, têm sido. Lucros financeiros, lucros políticos, lucros clericais, mais uma “mina de ouro” que não podia ser desperdiçada!

A alta cúria romana incentivou às nossas populações supersticiosas que acreditassem no frevo carnavalesco solar, isto é, no “fenômeno do Sol se agitando, rodopiando e pulando fora de sua órbita, sendo que tal “fenômeno” nunca teve comprovação científica nenhuma, como prova da autenticidade da presença da “senhora” de Fátima e, é claro, de suas “mensagens proféticas”, as quais se cumpririam à risca. A “senhora” disse: “A Rússia se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz”. Mas ela também advertiu que, se isso não fosse atingido, “os erros dela (Rússia) se espalharia pelo mundo inteiro, causando guerras e perseguições... e várias nações seriam destruídas”. No final, aquela “Senhora” prometeu, como prêmio de consolação, que a Igreja Católica Romana triunfaria, depois que “o santo padre ( o papa) me consagrar à Rússia”. Dentro de poucos anos, o culto à “Senhora de Fátima” havia atingido grandes proporções.

O Vaticano levou à sério as promessas da “senhora” de Fátima. Eugênio Pacelli, o futuro Pio XII, a eminência parda por detrás de Pio XI, patrocinou uma política de apoio ao fascismo na Itália e ao nazismo na Alemanha, no sentido de cumprir a profecia da “senhora” de Fátima. Foi então que ele se tornou o instrumento principal da ascensão de Hitler ao poder. Ele o fez, forçando o Partido Católico a votar nas últimas eleições gerais da Alemanha, em 1933. O fascismo e o nazismo, além de esmagarem o comunismo na Europa, também esmagaria a Rússia comunista! Em 1929, Pio XI assinou uma Concordata e o Tratado Laterano com Mussolini, chamando por ele de “o homem enviado pela Providência Divina”. Em a933, Hitler se tornou o chanceler da Alemanha. Em 1936, Franco começou a Guerra Civil. Em 1938, dois terços da Europa já eram fascistas e os rumores da II Guerra Mundial eram ouvidos mais e mais, em toda parte. Ao mesmo tempo, contudo, a Europa também se tornara ‘fatimizada’. O Vaticano deu a maior promoção ao culto à “senhora” de Fátima, com ênfase sobre a promessa de conversão da Rússia, feita por ela! Em 1938, o núncio papal foi enviado a Fátima e a quase um milhão de peregrinos foi dito que aquela “senhora” havia confiado três grandes segredos às crianças videntes. Estava preparado o engodo!

Depois disso, em junho daquele mesmo ano, a então única sobrevivente das três crianças– a Lúcia, que faleceu recente – controlada pelo seu confessor, sempre em contato com a hierarquia católica, e daí com o Vaticano, ‘revelou’ o conteúdo de dois dos três grandes segredos. O primeiro, uma visão do inferno, de acordo com a concepção do clero romano. O segundo, uma reiteração que a Rússia se converter à Igreja Romana. O terceiro, foi entregue num envelope selado e posto sob a custódia da cúria romana, não podendo ser revelado antes de 1960. A memória do brasileiro é muito falha. Mas, alguém se lembra da revelação do terceiro segredo, após pressão constante dos católicos do mundo inteiro? “Um homem de branco alvejado...” Nem os próprios católicos e devotos da “senhora” de Fátima, acreditaram naquela estória da carochinha! O silêncio total se faz ouvir até hoje nos meios católicos mais fervorosos...

Em 1938, as ditaduras fascistas começaram a falar a mesma língua: a aniquilação da Rússia. No ano seguinte, estourou a II Guerra Mundial. Em 1940, a França foi derrotada. A profecia daquela “senhora” ia se cumprir. No Vaticano, havia grande regozijo. Em 1939, Pacelli já havia se tornado papa, com o nome de Pio XII. Enquanto os exércitos nazistas se colocavam ao redor de Moscou, Pio XII, dirigindo-se a Portugal, apressava os católicos a orar pela rápida realização da promessa da “senhora”` de Fátima. Mas... o tiro saiu pela culatra!

A “senhora” perdeu a guerra e o império nazi-fascista se evaporou, após o colapso de Hitler. Em 1945, a II Guerra Mundial terminou e a Rússia, para vexatória surpresa de Pio XII e de sua “senhora”, emergiu como a segunda maior potência mundial. Conclusão: a “senhora” de Fátima mentiu em suas ‘profecias’! E agora, como fica?

* Foi sacerdote católico romano durante 22 anos consecutivos e é autor do livro ‘Confissões Surpreendentes de um ex-Padre”.

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